terça-feira, dezembro 12, 2006

Transparência


Tem alguma coisa errada!

Vamos devagar, primeiro uma boa notícia. A Controladoria Geral da União acaba de disponibilizar na internet, o acesso gratuito e livre ao Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira). Isso quer dizer, na prática, que qualquer usuário poderá acessar os valores correspondentes aos gastos do governo nos anos de 2004, 2005 e 2006.

O site para acessar esses valores e entender, onde o governo gastou os 2,34 trilhões de reais do orçamento da união é: http://www.portaltransparencia.gov.br sob o link “Aplicações Diretas”.

Dando uma olhada rápida sobre essa ferramenta, pude observar algo com certeza chamaria a atenção de vocês. Sob o item “Principal Corrigido da Dívida Mobiliária Refinanciado”, que quer dizer nas palavras do próprio site, “Despesa Amortização e Juros da Dívida - Principal Corrigido da Dívida Mobiliária Refinanciado”, o governo gastou R$ 309.006.270.356,86 ou melhor metade dos seus exatos R$ 778.520.458.773,02.

Não farei nenhum comentário, mesmo porque o tópico é auto explicativo. Mas fica ai a sugestão para entrarem e darem uma olhada no site.

quarta-feira, dezembro 06, 2006

O homem santo


Um dia ele simplesmente ajoelhou em frente à igreja e rezou.

Rezou por seus pais, irmãos e pelos filhos que viram. Rezou pelos amigos e num instante dizia em voz baixa o nome de todos aqueles que um dia cruzou sua vida. E rezou por eles também.

Veio a primeira noite, o segundo dia. O sol levantava-se e punha-se enquanto sua única preocupação era não esquecer de ninguém que merecesse suas preces.

Antes do fim da primeira semana, o homem chamou a atenção da cidade. Muitos vinham para zombar, enquanto outros tentavam acompanhá-lo por algumas horas, antes de lembram-se de assistir ao capítulo da novela.

A primeira chuva caiu sobre a cidade com a força da uma provação divina. E ele passou.

Vendo-o atormentado pela chuva e sol que se seguiram em meses, a família e alguns amigos tentaram tirá-lo dali. Mas uma força misteriosa os afastava mesmo antes de tocarem no homem em vigília. Depois de duas comemorações do nascimento de cristo, o homem ainda era visto encurvado sobre o corpo, balançando a cabeça em movimentos retos como a de um pêndulo num balançar eterno.

A fama da reza espalhou-se no cerrado e muitos vieram vê-lo. Quando começaram a pedir-lhe graças, chamavam-no de santo. O nome pegou. Dali em diante a cidade teria um santo vivo. A prefeitura declarou festas em sua homenagem, o povo lhe dedicava romarias.

Mas o santo tinha como única preocupação rezar por aqueles que precisavam. Há muito já não mais sentia o próprio existir. O sol já lhe esquentava como a chuva não incomodava. Apesar das roupas envelhecidas e da pele suja pelos anos, um cheiro doce emanava de seu corpo. Não que percebesse. Mas o povo sentira.

Muitas descendências de animais correram até que um dia a precisão não o encontrou mais na igreja. Os mais aventurados ousaram dizer que havia subido em carne aos céus, prova do prodigioso dom dos homens santos. Mas estupefatos, tiveram de assumir o erro ao vê-lo caminhar novamente entre os homens. E apesar dos anos que se ele passou encurvado sobre o próprio corpo, nunca estivera tão altivo. Um olhar reinante que assustava os indecisos e acalmava os fiéis.

Aos poucos, a fama de santo se fez verdadeira, e muitos vieram pedir-lhe ajuda e conselhos. Mas foi quando o primeiro cedo voltou a enxergar e o primeiro leproso a caminhar, que a fama do homem de deus se espalhou pelas terras do condado.

Doentes e moribundos vinham de longe para serem vistos pelo santo e assim, como mágica, curados.

continua...

Sobre vida e morte


Nunca gostei daqueles mosquitinhos de banheiro. Eles são tão bobos.

Vocês já pararam pra pensar porque existem tanto deles? Você já tentou matar a todos e no dia seguinte descobriu que haviam mais, e mesmo após esse segundo extermínio, no próximo dia era como se eles estivessem todos ali de volta, reclamando uma vingança. Pois eu descobri de onde eles vêem, do ralo do banheiro. Mas não daquele debaixo do chuveiro (eles não sabem nadar), mas daquele outro, normalmente perto da privada.

Sem o mínimo apego e consternado pelo nojo daquelas patas que passaram pelos esgotos até chegar ali e pousar na minha toalha limpa, eu promovia diariamente um genocídio de mosquitinhos de banheiro.

Lembro que adorava prendê-los nas tampinhas descartáveis dos barbeadores do meu pai, só para ter ali, o poder supremo sobre a vida daquele ser tão execrável.

E nesses momentos eu parava por um instante e observava o que tinha em mãos. O controle sobre a vida e, portanto, sobre a morte deles. E um controle como esse, trás alguma responsabilidade.

Incentivado pela força criativa da água que escorria entre meus cabelos, eu parava, as vezes, para pensar como seria ter a escolha sobre a vida humana. Já imaginaram, uma legião de seres aparentemente semelhantes a você, mas submetido pelo seu poder esmagador e inabalável?

Ainda bem que não são muitos que têm esse tipo de poder. Acho até que a justiça nasceu justamente para impedir esse tipo de arbitrariedade.

A morte, para nosso senso de justiça, é a pior coisa ou a maior condenação que alguém pode sofrer, e não deve, portanto, ser decretada ou ordenada levianamente. A vida humana seria portanto um invólucro inquebrável. E cada ser é uma manifestação única desse direito.

Mas se a vida é assim tão preciosa, se mesmo os piores assassinos merecem um julgamento “justo” antes de terem suas vidas condenadas à morte; por que esse mesmo senso de justiça não pode ser estendido a um embrião? Por que uma sociedade que busca a justiça, não permite um que o acuso de viver (embrião) possa ter um julgamento? Como condenar alguém que não pode se quer se defender?!

Talvez argumentem, baseados na verdade da ciência, que aquele embrião não é, ainda, uma vida. Sua morte não significa perder um ser humano, mas sim dilacerar um incômodo apêndice daquela mulher que cometera o pecado da gravidez.

Mesmo que a ciência tenha suas fórmulas e números para prová-lo assim, a matemática também tem seus argumentos para mostrá-lo diferente. Naquela pequena bola celular está contida a expressão mágica da vida que irá, consecutivamente, executar os protocolos de crescimento, resultando no então cientificamente aprovado e socialmente aceitável ser humano. É como jogar uma bola de ferro para cima. Não é necessário vê-la cair para ter certeza que em alguns segundos ela encontrará o chão.

Outros falam ainda que a morte é melhor que a vida de privações e sofrimentos que aguarda, (ansiosamente acrescentariam), a vida daquela criança pobre, filha de pais pobres e neta de outros em situação semelhante. Mas quem somos nós para julgarmos?

E se mesmo assim o seja, a morte é ainda a melhor condenação para o pecado de querer nascer?

Uma sociedade movida pelo egoísmo enquanto sopra em hipocrisia as cornetas do altruísmo só pode mesmo é tomar medidas paliativas. Condene, esqueça, desligue-se, morra. Palavras tão duras aos ouvidos e tão comuns no dia-a-dia podre na existência cidadã.

Antes de agirmos de forma tão grosseira, deveríamos primeiro erguer as mãos e braços, trabalhando para que a criança seja recepcionada num mundo um pouco melhor.

Se me perguntarem o que eu penso sobre o aborto? Diria que trabalharia cada instante de minha vida, dedicaria cada segundo de existência antes de carregar comigo e para a eternidade a responsabilidade sobre a morte.

sexta-feira, novembro 17, 2006

Devaneio presunçoso 5


Homem aí do lado.
Continuação.

De olhos ainda fixos, suspirou enquanto virava o rosto, pela primeira vez, para fintar os passageiros do trem.

Daquele grupo não reconheceu nada excepcional. Uma mulher com uma criança e algumas sacolas, um velho de olhar baixo e um estranho moço que galanteava uma menina de saia, bem mais nova. Ao ver o quadro, assim tão pitoresco, murmurou em nojo da simplicidade provinciana de onde vinha.

Não eram pessoas, imaginou. São só atores sem sequer o valor de reconhecerem que estão no palco. Aquele pensamento tirou-lhe a atenção dos olhos que arquearam em sonhos.

Na cidade grande não haveria de ser assim. Encontraria milhares de pessoas, de diferentes tipos e cores. Conversaria com outros sonhadores e aprenderia sobre o mundo. Sempre imaginou um universo maior que o caminha de casa à mercearia. E na cidade grande, com certeza, vislumbraria esse cosmo infinito que era, agora, só um desejo instintivo.

O trem tomou-lhe poucas horas no caminho até São Paulo. A cidade borbulhava com o esplendido crescimento urbano dos últimos anos. Uma elite agrária migrava para as ruas da capital do estado e exigiam confortos em concreto e aço. As ruas cresciam na velocidade de um esguio de cobra e desse animal, aprendiam as formas.

A estação central pareceu-lhe o centro do mundo. Centenas de pessoas se concentravam entre aquelas imensas paredes, altas como os templos no céu. Olhou em volta, estava perdido. Livre. Sem saber ao certo o que fazer, caminhou sozinho por horas. Era impossível ver qualquer um dedicar-lhe minutos sequer de atenção, mas para ele, era como se estivesse ao lado de todos. Comprazia com a companhia do universo social que se estendia em milhares de léguas a sua volta.

quarta-feira, novembro 08, 2006

segunda-feira, novembro 06, 2006

Uma história de antigamente

Tava lá eu papeando com um compadre sobre a morte da bezerra, mirando os costumes da vida em fatos e fotos animados nos papéis furados. Dali, apeamos pra cantina, no modo de encher a matula e tapear a gastura do dia. Os entrantes e os conformes foram simples, carne e farinha, mas bicho do mato só cheira e come. Abastecido o corpo, era hora de lavar a alma, e tomamos a casa como rumo.

Não se deram 6 passos de homem alto, quando vi ali, tamanha formosura. Um pitéu de alumiar esse pedaço de mundo, com a força do brilho de um sol, que afugenta a lua e esquenta a terra. E reparando nos arredores, vislumbrei que até as árvores arqueavam, em comprimento garboso, esquecido dos tempos de mais decência.

Calado um mineiro não vive, aprumei as esporas e firmei as vistas na moça. Balançando que nem vara verde, não haveria muringa d’água pra me acalmar os nervos. Pra baixar as orelhas, só gamela de água fria como o sereno da madrugada. Eu, com fala de tuada forte, mingüei as palavras que era pra não parecer abobado. A resposta veio em forma de sorriso melindroso que me encheu o peito descompassado.

Mas sem os trejeitos nos conformes, não consegui dizer nem em prosa ou verso o que queria: que nem contadas 1000 léguas de raio desses pés de rodar o mundo, não haveria homem pra te querer e bem dizer, como esse servo do Senhor que agora te encara num peito aberto.

Dito pelo não dito, ficou pro rosário seguinte a farra do boi. Mas é conhecido entre todo bom sabido, que o caminho dos sentimentos tem nas porteiras umas tramelas fortes, não sendo, portanto, coisa de papel passado assim preto no branco.

E nesse vai e vem de música na viola, vou apertando os jeitos e segurando os beiços. Porque na verdade, nem canto de sabiá me tira os olhos da lembrança donairosa de um brilho de estrela em corpo de menina, que naquele jeito inocente, como córrego d'água, segurou até minha alma, pedaço na terra da força de meu Deus.

quarta-feira, novembro 01, 2006

OAXACA

O que a mídia mundial não quer mostrar. O vídeo mostra uma reportagem sobre a invasão da cidade de Oaxaca pelas tropas federais mexicanas. O conflito é resultado da não-resolvida disputa eleitoral daquele país.

Fotos e fatos.


A individualidade do momento. A responsabilidade única da vida.


Mas como viver só?

A beleza como não deveria ser. Artificial, inútil.


O peso de cada passo. A responsabilidade de viver.



Um olhar sobre a vida. Uma vislumbre do passado.


segunda-feira, outubro 30, 2006

Sobre bichos, os homens

Outro dia, um sujeito oculto levantou uma breve discussão sobre o universo feminino. Atrás da voz que se elevou, vários comentários buscaram entender e na maioria das vezes, explicar, uma pequena faceta do assunto suscitado.

Nunca pensei que um dia viria a público para tentar explicar o que eu acho dessa intricada estrutura de relacionamento sexual (no sentido entre sexos, não de sexo). Mas diante de alguns comentários do momento supracitado, acredito que posso, em todo caso, esconder-me atrás da já tradicional ignorância masculina sobre o assunto (situação bem irônica, visto que somos os mais interessados).

No rastro do comentário que fiz na oportunidade, começo pelo básico. Apesar de já bem vinculado, o termo “mulheres” não diz respeito a uma entidade suprema que rege o comportamento de todos aqueles seres sob a deliciosa constituição de mulher. Digo com isso, que existem mulheres e mulheres cujo agir e fazer mudam conforme suas próprias experiências culturais. Então, antes de perguntar “como entender as mulheres?”, devemos lembrar do “que mulher?”.

Variadas como as estrelas do céu (de cujo exemplo pegam emprestado não só os números, como também a beleza), cada mulher exigirá uma estrutura de ação-reação diferenciada. Algumas adorarão receber flores, outras acharão piegas. Umas tantas querem um homem que ligue, sinta ciúmes e diga o tempo toda que as amam, outras preferirão um relacionamento mais aberto, moderno. E entre os 8 e 80 haverão todas aquelas mais amenas.

Essa é uma simples questão de individualidade. Mas como o homem deverá encarar essa relação, observando seus óbvios e claros defeitos?

Antes de entrar no delicado tema, temos que entender uma simples regra não-universal feminina: a contra-partida.

Cuecas de plantão, vocês acham que ser bonita, inteligente, educada, cheirosa, bem vestida e tantas outras qualidades que nem iremos citar, é fácil? São horas no cabeleireiro, semanas de dieta e anos de preparação somados ao natural dom herdado. Depois de todo esse trabalho, o mínimo que elas podem fazer, é exigir uma contra-partida. Não acham? Se disserem não, continuem fazendo o péssimo trabalho e mantendo-se fora da “competição”. Mas se disseram sim, esse é o primeiro passo. Depois de se embelezarem e tornarem-se assim, tão maravilhosas, as mulheres querem que os homens também façam a sua parte no trabalho. Algumas preferirão corpos sarados, outras não trocariam nenhum homem por aquele que a faz sorrir; outras tantas querem um companheiro inteligente; novamente uma questão de individualidade.

É por isso que acho tão engraçado quando perguntam: “eu sou feio, burro, sem graça e tenho sérios problemas de higiene pessoal, mas comprei uma rosa pra ela e ela não me quis; por quê?”. Aquele que pergunta isso, deve antes se perguntar: “depois de uma vida toda de trabalho, ela vai mesmo se entregar por desgraçados 2 reais de uma rosa?”. CLARO QUE NÃO!

Agora, depois de explicada a regra da contra-partida, podemos voltar ao papel do homem nessa história toda. E pra todo homem, essa é uma questão bem clara. Somos os maiores interessados.

Então, se você realmente quer ficar ao lado daquela menina linda, de jeito apaixonantemente engraçado que adora filmes preto e branco, você terá de lutar por ela. Entenda-a e ofereça não uma rosa ou mesmo um buquê, seja diferente. Dê a oportunidade para que ela goste de você.

Seja apaixonante.

quinta-feira, outubro 26, 2006

Vida eterna


Eu sei que esse parece mais um daqueles textos "meus"; chatos, desinteressantes e coisa de nerd.
Mas eu realmente acho que vale a pena uma lida rápida. Não será nenhum assunto de mesa de bar, mas pode te tomar alguns segundos quando não tiver nada mais para pensar.
Um comentário pessoal segue após o texto.
Sem mais delongas:

Vida eterna?

A ciência acaba de decifrar um mecanismo de ressuscitação que é um marco científico extraordinário. O autor deste achado é o biólogo franco-croata Miroslav Radman, de 62 anos, que conseguiu descobrir o processo de ressurreição de uma bactéria, Deinococcus, que mesmo depois de morta é capaz de voltar à vida em poucas horas.


Essa assombrosa capacidade permite lhe resistir em condições extremas e até sobreviver a um nível de radiação mortal para 5000 homens. Depois desse tratamento, que estoura seus cromossomos em centenas de fragmentos, a bactéria é capaz de reparar seu código genético para voltar à vida.

O achado abre perspectivas tão interessantes para a ciência que a revista Nature dedicou um grande espaço à descoberta de Radman e sua equipe de quatro cientistas da Unidade 571 do Instituto Nacional da Saúde e de Investigação Médica, da França.

Esse interesse é explicado pelas possibilidades que abre à medicina regenerativa. Para o cientista este é o primeiro passo no terreno da reconstituição neuronal e cardíaca. E a partir daí tudo seria possível, até a vida eterna.

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O quadro que ilustra esse post é chamado "A eternidade das pedras". E é justamente esse o pensamento base que me inunda quando penso na vida eterna. Como seriam nossas vidas?
Viveríamos eternamente como bucólicos observadores do borbulhante mundo a nossa volta, ou teríamos energia para queimar nossa vida do sempre a cada segundo?
Falar de possibilidades é fazer perguntas, é recorrer ao "se" e ao "como". Mas imaginar o futuro é também jogar o manto do entendimento sobre o presente.
Se (olha ele aí de novo) nessa vida de meras dezenas de anos deixamos de fazer muito daquilo que gostaríamos, porquê faríamos diferentes se estendessemos esse vivência para algumas centenas de anos?
Se não somos capazes de nos realizar a cada dia, com certeza não o seríamos na eternidade.
Acho que a vida eterna deve estar em cada dia, em cada suspiro, em cada telefonema ou abraço.
O sentido da eternidade, a realização através dos tempos, não precisa ser contado em anos. Basta que a cada segundo estejamos felizes se pudéssemos repêti-lo. Mas não para reviver a vida a todo momento, mas para termos certezas que estamos "no caminho certo".
Afinal, nem mesmo agraciado pela eternidade, ninguém gostaria de viver, efetivamente, como uma pedra.

quarta-feira, outubro 18, 2006

Para entender

Encontrei um texto meu antigo, escondido numa pasta do computador.

O texto não é muito bom, mas me traz uma tristeza saudosista que não podia deixar de compartilhar com vocês...

COMO ENTENDER...

Diante a igreja fez o Sinal da Santa Cruz, religiosidade esquecida mas ainda presente, e continuou caminhando. Uma brisa fria, muito úmida levantou seus cabelos, obrigando-o a levantar uma das mãos para arrumá-lo. O destino era desconhecido, mas sabia o que queria encontrar.

Andou até um beco escuro, sem coragem para prosseguir retornou, seu objetivo não morava em lugar algum, talvez não fosse ali que encontraria-se. Voltando pela mesma praça da igreja, novamente o vento soprou mais forte, dessa vez, pegando-o de lado e carregando consigo algumas folhas secas. Alguns que o observaram nesse momento se assustaram um pouco, mas nada que chamasse a atenção em demasiado.

Olhos perdidos, não focalizava nada, era como se o globo ocular procurasse insistentemente, mas incapaz de encontrar, perdia-se nas mil cores das ruas. Num outdoor percebeu uma garota bonita, mas precisava de diálogo, nem que fosse numa troca de olhares. E nesse sentido encarou algumas pessoas, principalmente mulheres, mas nenhuma que lhe desse atenção especial. Diante sua casa hesitou em entrar. Uma mão sobre a maçaneta do portão, a outra direcionava a chave contra a fechadura, mas aquele ainda não era o momento, tinha que retornar para a rua.

Dessa vez estava perdido, nem mesmo ele seria capaz de explicar em que ou quem pensava, não se concentrava em nada, só caminhava. Andando em círculos sabia que era incapaz de melhorar sua situação, andaria em linha reta, mesmo que isso implicasse em enfrentar becos escuros, mas a cada passo estaria disposto a viver novas situações.

Em frente a uma estátua, uma personalidade municipal, delirou imaginando como se lembrariam dele, provavelmente não construiriam estatuas, mas haveria saudades depois da sua partida? Um sorriso de canto de boca e resolveu pensar em outras coisas, talvez algo mais feliz. --- Será que muitos iriam ao meu enterro? --- Acho que não. Pensando sozinho procurou dar uma meta racional para sua situação, impossível, era incapaz de dizer o que queria, mas continuaria procurando.

Uma dor forte no peito, no lado do coração. Nada para se preocupar.

Lembrou sozinho dos momentos felizes que teve ao lado de sua irmã. Brincadeiras na rua, jogos no parque, brigas e reconciliações, tudo era tão perfeito, pena que não dura para sempre. Lembrou, também, de como era amado pelos pais, uma mãe carinhosa, um pai presente, muito do que tinha ficado para trás merecia ser lembrado. Mas o que não seria?

Um dia brigara com seu melhor amigo, mas agora, recordando do momento sabe que foi uma bobera, erro ainda maior foi ser consumido pelo orgulho e jamais ter tentado corrigir. Mas o amigo já tinha morrido e apesar de ter passado o tempo para isso, resolveu perdoá-lo e com tamanha facilidade se perdoou também.

Outra dor no peito. Deve ser o frio da noite.

Tantos momentos poderiam ter sido muito mais felizes, se soubesse, como hoje sabe, a melhor forma de usufruí-los. Mas não se sente culpado, os risos, choros, brigas, encontros, haviam valido a pena e sua simples recordação já lhe deixavam felizes.

E o que havia de concreto hoje, não sua vida? Se perguntou e parou para tentar responder. Amigos tão fiéis quanto pudesse querer, uma namorada tão bonita quanto pudesse sonhar, uma vida tão perfeita quanto pode esperar. Mas naquela noite, algo estava diferente, e se arrepiou, com o frio que acompanhou o mistério que ele parecia desvendar.

Olhou para os lados e não enxergou ninguém.

Nova dor no peito.

Agora precisava de ajuda. Num pensamento racional talvez tivesse gritado, mas ali, sabia que estava acima de tudo isso, e não se preocupou. Uma árvore grande a sua esquerda, sentou, encostou e fechou os olhos. Respiração profunda, sonho inquieto.

Abriu os olhos e não estava mais debaixo da árvore.

Um antigo amigo ofereceu-lhe a mão. Ele aceitou a ajuda e se levantou.

Finalmente entendera tudo.

terça-feira, outubro 10, 2006

Ursinhos de pelúcia

Nossa, foi um bom tempo sem atualizar o blog. Mas agora, de volta a Viçosa, vou tentar manter a peridiocidade tradicional, quero dizer, a total falta de peridiocidade.

Apesar de já estar de volta ao trabalho e às atividades acadêmicas tradicionais (festas e bebidas) [quem deras eu fosse assim tão “descolado”] ainda me sinto no clima de férias. Impossibilitado, portanto, de assumir novamente o discurso metafilosófico desse blog, continuarei com os texto mais tranqüilos, seguindo, como já citado, recomendações de amigos.

O tema de hoje é ursinho de pelúcia.

Quem nunca teve um ursinho de pelúcia? Acho que todos já tiveram. Até mesmo Samurais já tiveram. Na verdade, até mesmo Chuck Norris já teve um, mas claro, o dele tinha uma pequena diferença. Quando se apertava o botão vermelho em um dos braços, ele não dizia “I love you” ou nenhuma dessas bobagens. Ele na verdade iniciava um programa de autodestruição que culminaria num roundhouse kick e a conseqüente destruição do planeta terra.

Sendo tão populares, não era de se esperar que esses animais tão fofinhos e carinhosos quisessem conquistar o mundo...

Tudo começou na manhã do primeiro dia do ano da graça de nosso senhor de 1602. Num navio que zarpava para recém descoberta América, um grupo de ursinhos de pelúcia se infiltraram entre religiosos descontentes com o poder real inglês e se embrenharam na luta pela vida nas terras além mar.

As principais famílias daquelas criaturas tão adoráveis se instalaram na costa leste daquele que seria chamado no futuro de Estados Unidos. Outros proeminentes nomes da sociedade “de pelúcia”, entretanto, aventuraram-se na busca pelo oeste. Naquele região enfrentaram, porém, a guerra contras os povos dos cavalinhos de pelúcia, bravos lutadores de peles vermelhas.

Mas a supremacia da tecnologia vigorou nas termas ermas e a sociedade dos ursinhos cresceu vigorosa. O primeiro passo foi a construção de estradas, possibilitando o rápido deslocamento das tropas imperiais em todo o território; vantagem que assegurou o poder unificado do território. A força perdeu espaço para o comercio, e importantes rotas marítimas foram estabelecidas, destacando-se a Companhia das Índias Orientais, principal fornecedora de pelúcia, importante matéria-prima na sociedade dos ursinhos de pelúcia.

A vigorosa movimentação financeira trazida pelo comercio era assegurada pela marinha de guerra, instrumento importante para proteger a unidade territorial livre de invasões, ameaçada pela crescente influência dos lobos de cachos dourados de pelúcia, ou vikings. Livre do perigo, a prática da usura se desenvolveu bem, garantindo lucros para uma parcela significativa da sociedade, os ursinhos de pelúcia de cachinhos engraçados, ou judeus.

Uma população em expansão exigiu técnicas de produção de pelúcia cada vez mais eficientes. Em um berço financeiro condizente com as necessidades, explodia a revolução industrial dos ursinhos de pelúcia.

Daí pra frente, todo mundo sabe a história...

Mas a grande verdade sobre os ursinhos de pelúcia?:

... até mesmo samurais têm ursinhos de pelúcia. E até mesmo os ursinhos de pelúcia são, as vezes, pegos bêbados.

segunda-feira, setembro 18, 2006

Coelhos

Me disseram que meus textos, meu discurso, está muito sóbrio. Me sugeriram que tirasse umas férias, amenizasse as palavras e fosse um pouco mais descontraído.

Pois bem, vou aproveitar minhas férias e vou escrever só sobre coisas felizes e tranqüilas.

Hoje, por exemplo, vou falar de coelhos...

No princípio havia o verbo. Sob sua vontade soberana e absoluta foram criadas as estrelas, o céu e a terra. A terra foi povoada por vários seres de muitas formas e cores, e deus achou que isso era bom.

Sobre imensos campos verdes, cresceram frutas, verduras e tantas outras plantas que a imensidão multicor resplandecia em contraste com o azul profundo dos mares, habitado por peixes de tantos tamanhos quanto os grãos de areia onde as águas tombavam. E deus achou que isso também era bom.

Mas faltava alguma coisa, a faltava o pulsar de uma vida nova, orgulhosa. À sua imaginação e criatividade, deus criou o primeiro coelho, uma pelugem branca como a neve do norte cobria um corpo rechonchudo, iluminado por dois belos olhos azuis, gotas de um céu grandioso que se estendia sobre a terra. E deus achou que isso era bom.

Mas o coelho estava sozinho, e apesar da beleza da terra que se espalhava por distâncias inimagináveis, seus olhos não brilhavam como deveriam...

Para estar ao seu lado, deus retirou uma de suas três orelhas e criou uma coelha. Lado a lado, o casal poderia contemplar a magnitude da criação. E deus achou que isso era bom.

Mas as criaturas se vislumbraram e conheceram o contato íntimo, corporal.

Sob muitas luas eles estiveram juntos em contato próximo. Na terra do inimaginável ouviu-se através de nascentes e poentes os suspiros dos corpos que se entrelaçaram. O senhor contemplou sua criação e viu, fez merda.

Os frutos da maldita união criaram outros seres, e outros e outros e outros.

Das duas sementes da criação nascerem os frutos execrados. Na casa das centenas, eles se separam pela terra. Nos milhares, diferenciaram em cultura e língua, perdendo o contato. Ao milhões começaram a explorar a terra e tirar dela mais que o sobrevivência, mas também o conforto. Aos bilhões entraram em guerras, brigaram e se ofenderam. E deus viu que tinha ferrado toda a história.

Mas pedras caíram do céu como gotas de uma tempestade. Os coelhos de foram.

E deus, imerso na decepsão eterna, profunda como os abismos infindáveis dos mares, apostou numa nova espécie, uma nova criação.

(Em rima) Nascia Adão...

sexta-feira, setembro 08, 2006

Dia de poema

O lobo e cordeiro


De ardente sede obrigados,

Foram ao mesmo ribeiro,

A beber das frescas águas,

Um logo e mais um cordeiro.


O lobo pôs-se da parte

Donde o regato nascia;

O cordeiro, mais abaixo,

Na vaia d’água bebia.


A fera, que desavir-se

Com mansa rês desejava,

Num tom severo e medonho,

Desta sorte lhe falava:


- Por que motivo me turvas

A água que estou bebendo?

E o cordeirinho inocente

Assim respondeu tremendo:


- Qual seja a razão que tenhas

De enfadar-te não percebo!

Tu não vês que de ti corre

A mim esta água que bebo?


Rebatida da verdade.

Tornou-lhe a fera cerval:

- Aqui, haverá seis meses,

Sei de mim disseste mal.


Respondeu-lhe o cordeirinho,

De frio medo oprimido:

- Nesse tempo, certamente,

Inda eu não era nascido!


- Que importa? Se tu não foste,

Disse o lobo carniceiro

- Foi teu pai. E, por aleives,

Lacera o pobre cordeiro!


Uma fábula dá brados

Contra aqueles insolentes

Que, por delitos fingidos,

Oprimem os inocentes.


Autor desconhecido

Extraído na “Garganta da serpente”.

http://www.gargantadaserpente.com/fabulosa/lafontaine/lobo_cordeiro.shtml

terça-feira, setembro 05, 2006

Todo futuro é caótico



Sempre sonhei em descrever um retrato do futuro caótico que aguarda a raça humana.

Por que deixar para depois? Perguntei-me essa manhã.

O medo roubado

Azureus, 1 de janeiro de 2042. Querido diário. Querido não. Porque querido é coisa de boiola! Simpático diário. Hoje assisti alguns vídeos interessantes do início do século. Essa primeira frase mesmo, era um exemplo do que eles chamavam de piada naqueles tempos. Não entendi muito bem, mas parece que era algo tipo para fazer rir.

Como será que era rir? Agora, enquanto me entrego ao vício do GOOGLETUBE, vejo rostos e jeitos mostrando os dentes, enquanto os olhos estranhamente mostram um sentimento que eu chamaria de felicidade. Mas como aquelas pessoas conseguiam momentos de prazer tão longos e só através de palavras?

Ta ai uma das coisas que eu nunca vou entender direito. Hoje, durante a aula de história pós-contemporânea (expressão que até hoje não me acostumei muito bem), o professor explicou sobre o medo.

O medo, disse ele, era um sentimento que fazia com que as pessoas não quisessem vivenciar algo, como uma revelação de que algo ruim estivesse se aproximando. O paradoxo do medo, explicou ele, era que ao mesmo tempo em que limitava a abragencia de ações dos humanos, também os impulsionava. Seria uma situação como o medo de serem infelizes, os faziam querer serem felizes. O medo da morte os faziam querer viver e por assim vai.

É claro que hoje o senso comum nos explica que aquela foi uma sociedade de enganos. Quase bárbaros. Mas eu pessoalmente acho, e tomara que ninguém me veja dizendo isso, que eles (lá do passado) tinham o que hoje nos falta.

Não estou reclamando da vida, estou satisfeito com meu trabalho diário lá no parque de diversões. Os novos tubos de conexão neural são ótimos, e nem temos mais que sedar as crianças na hora da instalação. É claro que algumas delas reclamam um pouco, mas num instante se acostumam. Sou digno porque meu trabalho me dá direito as rações diárias oferecidas pelo governo, apesar de não ser muito fã das pílulas de Vitamina E (mas é como dizem, sem o sol, o que mais poderíamos fazer?).

Mas mesmo assim, procuro pensar naquele mundo não como o caos da guerra e morte como nos ensinam por aí, mas mais como...? Não sei nem explicar. Mas vou pesquisar um pouco mais e te conto depois.

Saudações respeitáveis,

045368746-08/08-fev-2021.

Ah, quase ia me esquecendo, ontem foi a mudança oficial de ano. Essa bobagem como sempre, que você já conhece. Discurso na empresa e jejum em nome da grande guerra. Queria que essa data fosse mais feliz... Imagina só um coquetel de comemoração? Poderiam até servir aqueles novos comprimidos de serotonina...

segunda-feira, setembro 04, 2006

O EU e o passado

Como vocês enxergam seu passado? Ao olhar para trás e se ver anos mais novo, ou mesmo meses, quem é essa pessoa que invade sua noção de EU?

Pergunto isso porquê eu, pessoalmente, não tenho uma relação harmoniosa com meu passado. Vejo um alguém que naquele momento fora chamado de Thiago como um estranho. Uma pessoa como as outras, teve um segundo de existência durante o fluxo da eternidade, mas que o perdeu no momento em que o viveu; como a chama de uma vela que jamais poderá queimar a mesma linha e a mesma cera.

Ao tentar explicar porque dessa indiferença, acabo caindo na pergunta essencial. O que realmente somos?

O pedante discurso social me diria que sou fruto das intermináveis variáveis sociais, que combinadas geram a existência única do EU; como um boneco de lego, montado por pequenos blocos coloridos.

O padre me diria que sou a representação do sopro da vida. A prova única e cabal da existência inteligente de um Ser Superior.

Apesar de limitar a citar essas duas concepções, muitas outras abundam nas mentes criativas daqueles que se acham capazes de explicar o mundo. Mas em ambas, cairemos na eterna loucura de nunca assumir a total responsabilidade sobre o que somos ou fazemos. Se Deus ou a sociedade, estou humanamente distante do núcleo vital. Uma expressão, um algoritmo dependente da grande equação universal.

Desacreditado, busco hoje me distanciar de construções e conceitos, lançando assim, um olhar imparcial sobre o EU vivente. Mas quanto mais busco distanciar o que é DELES do que é MEU, caio numa dicotomia ainda mais angustiante. Se de um lado encontro cada vez mais noções para tentar me abstrair, do outro encontro-me cada vez mais triste e deprimido. Uma vida sem razão ou consciência, se o drama me permite exagerar.

Depois de assassinar tudo aquilo que acreditava me ser IMPOSTO, descubro que na verdade as construímos para fugir de toda essa imposição.

Não somos humanos sem ideais, sem sonhos.

Tento enxergar esse mundo do EU ainda como o bloco de peças, mas cuja noção de individualidade nasce não numa peça principal, um bloco das consciência, mas do conjunto. E entre os significados desse conjunto está o querer, a fé e o sonho.

quarta-feira, agosto 30, 2006

Devaneio presunçoso 4

Homem aí do lado.
Continuação.

"Ainda não era capaz de devagar sobre a vida, sobre o que representava, mas entendeu, plenamente, que estava ali sozinho, fazendo a sua parte. Como uma pequena peça da grande máquina endireitou as costas, repousou a palma das mãos sobre as coxas e fez, matematicamente, o que deveria fazer. Esperou".

Com o pensamento absorto na partida, refletiu...

Não existe tempo sem arrependimento, nem novidade sem tristezas...

De novo, chego à conclusão que pra tudo nessa vida tem hora e lugar certo. Não adianta tentar antes, não adianta se arrepender por deixar para depois.

A vida muda de uma forma tão rápida e generalizada, que em meio a esse turbilhão de informações e notícias, muitas vezes só efetivamente percebemos o fluxo do tempo em breves comentários ou singelas palavras deixadas para trás.

Se um dia levantei a questão do “o que é complicado e o que vale a pena”, hoje sou mais o “tudo vale a pena”. Talvez até emendando o “quando a alma não é pequena”.

Por julgar de mais, por querer de mais e mesmo assim ainda deixar para depois, perdemos tanto... Perdemos oportunidades por pensar que haveria uma melhor, quando a ideal é justamente o momento. E esse mesmo momento, renegado, terá sua vingança somente algum tempo depois, quando nos assistir arrependidos, tristes, largados aos cantos suplicando não a Deus, mas ao próprio tempo, se não, o momento.

O interessante é observar que agora, a lucidez ameaça invadir meus olhos, mas fraco, permito que mentiras e ilusões me aconcheguem de forma tão doce e vil.

“Não valia a pena mesmo...”, “Deus há de me querer melhor...”, “porque essa era a única maneira...”.

Repudio a esperança, a fé cega e o amor fingido. Repudio tudo aquilo que não me deixa sentir, como devo sentir. Odeio o conforto dos sonhos. Prefiro agora sofrer com o calor do aço que penetra fundo na pele, porque a dor intelectual é a única capaz de me mostrar a verdade.

Quero abandonar os vícios dos sentimentos cegos, dos confortos e reconfortos.

Já sonhamos de mais, já sonhei de mais.

De olhos ainda fixos, suspirou enquanto virava o rosto, pela primeira vez, para fintar os passageiros do trem.

sexta-feira, agosto 25, 2006

Sem título ainda

Nossa. Foi um longo tempo sem saber o que escrever.

Sem inspiração, começo esse texto, sem sequer imaginar como ele vai acabar.

Tentarei falar o suficiente para que alcance, ao menos, o padrão mínimo no tamanho de postagens desse blog.

Tocando no assunto, de onde vem a inspiração. O que Homero viu, ou sentiu para que pudesse escrever aquelas obras? E Shakespeare?

O mundo é um lugar bem bizarro. Mil coisas acontecendo nesse instante, bilhões de pessoas vivendo suas vidas, muitas se preocupando com tudo, outras tantas totalmente sem se preocupar, mas a maioria sem sequer saber sobre o que se preocupar.

Talvez você possa comentar: como esses dois últimos parágrafos se relacionam? Parecem devaneios aleatórios...? Mas não.

Explico. Acredito que a inspiração é uma das respostas geradas pela mente quando incentivada. A produção de grandes obras, melodias ou textos, vêm como fruto da observação do mundo a sua volta. É por isso, provavelmente, que os pobres mortais não são capazes de compor ou de criar maravilhosos mundos baseados somente na criação intelectual.

Aquele incapaz de criar coincide com o incapaz de observar.

Observar não é somente permitir que o reflexo luminoso invada o globo ocular, alcançando a estrutura ótica cerebral; isso é enxergar.

Observar é ver. Não necessariamente entender, muito menos expressar opiniões. Os mais sábios são aqueles que menos falam, porque sabem que a tradução em palavras é um artifício dos tolos. Os grandes homens simplesmente sabiam. E se deixaram textos, músicas, foi na tentativa de alguma forma incentivar as gerações futuras, ou mesmo aqueles que lhes eram contemporâneos. Incentivá-los a também extrapolar os sentidos e perceber o mundo de um jeito além.

Não nos esqueçamos disso. As grandes obras não estão aqui para nos ludibriar entre harmônicos sons e belas palavras, mas muito além. Estão ai para nos ajudar a entender o que existe além delas.

Não queira só enxergar, tente ver.

Não tente traduzir, simplesmente saiba.

segunda-feira, agosto 14, 2006

Pequenas diferenças


O pequeno ser ai do lado, é o animal mais perigoso pra vida humana existente no planeta Terra. Suas vítimas são, com raras exceções, feridas de morte.

Composto por mais de 99% de água, o pequeno animal libera uma substância altamente tóxica, levando a morte um homem normal em menos de 4 horas.

Por que eu estou contanto isso tudo?

Antes de que você mude de canal achando que viramos uma versão online e degradada do Discovery Channel, fique sabendo que só estou contando isso tudo para levantar fatos e ter uma breve “discussão”.

Então vamos lá...

A água é a substância mais importante para se conceber a existência humana.

Em números e proporções, esse pequeno animal ai do lado tem de água pura (H2O) a mesma quantidade que encontramos num copo de água potável de um rio, por exemplo, isso porquê, na água do rio encontramos grandes quantidades de areia, microorganismos e tantas outras coisinha pequenininhas que não conseguimos enxergar. Uma pequena variação no 1% restante é o suficiente para transformar vida em morte.

Meio dramático, né?

Mas não estou aqui para fazer drama, mas sim para pensar um pouco mais sobre essas pequenas diferenças...

Um breve olhar pode transformar um “Acho que te quero” num “Não tem chance”. Uma palavra pode fazer de “Grandes futuros amigos” em “Ta ok então, até mais”. É tudo muito singelo, simples.

Não importa as grandes coisas que fazemos em vida, o entendimento sobre o mundo e especialmente, sobre os outros, se dá nos detalhes. Não importa o carinho com o qual cativou um grande amigo, não ligar no dia de seu aniversário é muitas vezes vital para ditar o futuro desse breve relacionamento.

O ser humano é essencialmente tolo. Aficionado por detalhes, não prestamos atenção na maior parte da conversa que temos todos os dias, mas ficamos facilmente magoados com breves detalhes do discurso alheio.

Ninguém diria que seu EU pode ser resumido por breves detalhes, facetas do seu comportamento diário, mas sim pela análise macro de sua vida. Dizemos que não podemos ser analisados só pelo que falamos ontem, mas pelo trabalho de uma vida. Paradoxalmente, a maioria admitiria que podemos conhecer o outro pelos detalhes.

Acredito que o cerne desse pensamento funda-se na vontade. O EU geral é trabalho de forma racional, virtualmente controlável e controlada; enquanto os deslizes, detalhes do dia-a-dia nos foge ao controle. Pensa-se então que EU fugido diz mais sobre MIM que o EU socialmente trabalhado.

Concordo que existe essa dicotomia entre um EU puro e outro mascarado. Concordo que muitas vezes assumimos personalidades que não são verdadeiras para conviver em público. Mas é ai que repousa o principal elemento de toda essa história!

Quando percebemos no outro essa fuga da realidade individual na tentativa de criar um segundo indivíduo, aí sim percebemos realmente que ele é. Perceber uma pessoa artificialmente intelectual ou “descolada” nos diz muito mais sobre suas características originais que qualquer comentário despreocupado.

Defendo então que paremos de julgar as pessoas por meros acasos, uma atitude assim só mostra nossa preguiça em realmente buscar entender o mundo. Passemos então a ativamente perceber todo um universo social fascinante que nos rodeia, buscando entender o mundo como um todo, para aí sim, descobrir quem são ELES ou VOCÊS e nesse processo desvendar as estruturas que também condicionam o EU, que muitas vezes escondemos de nós mesmos.

Sem frase de duplo sentido para o texto de hoje.

segunda-feira, agosto 07, 2006

Sobre o que é complicado. E o que vale a pena.

As coisas deviam ser mais fáceis.

Já repararam como tudo o que nos é essencial, é algo bem simples de se fazer. Ainda não vi nesse mundo alguém reclamando pelo trabalho que temos ao respirar, muito menos ao se comer, afinal, esse vêm carregado de um prazer bem óbvio; a não ser que você seja um daqueles super ecologistas que comem rúcula com carne de soja – nisso não há prazer algum.

Se o que nos é realmente importante está assim tão fácil, que tipo de mecanismo mental é esse que associa a dificuldade com o retorno. Se não mental, pelo menos social. Afinal, não foi uma a vez que ouvi ser necessário trabalhar duro, se dedicar, para ser alguém na vida. Se tem que trabalhar, então não quero ser ninguém assim, “alguém na vida”.

E não é só sobre dinheiro não, é tudo mais. Acho que no início dos tempos, as pessoas tinham sonhos que realmente necessitavam de trabalho e dedicação, os velhos morreram mas deixaram as idéias serem, inescrupulosamente, passadas a meus pais.

Se sonharam com castelos e cavalos, vou ficando bem satisfeito com um apartamento de 2 quartos e sala com uma bicicleta simples na garagem. Se esperaram encontrar princesas de vestidos longos e tiaras de brilhantes, vou ficar feliz com uma garota de calça jeans e blusa branca.

Eles viveram e morreram pelos sonhos do que gostariam de ter, eu vou viver por aquilo que eu tenho. Na hora da minha morte, não quero deixar para trás sonhos e expectativas, só um sorriso no canto da boca daqueles que lembrarem de mim. Um sorriso maroto que acompanhe o pensamento “esse aproveitou”.

Mas no meio disso tudo, me lembro que uma vez me disseram que algumas coisas são complicadas, mas valem a pena. A brincadeira do conseguir também é divertida, desde que não esqueçamos a hora de parar de brincar para morder o bolo.

É ao som de Beatles que eu paro de só brincar.

“Oh ain't she sweet,
Well see her walking down that street.”
(Beatles - Ain't She Sweet).

quarta-feira, julho 26, 2006


A hora do Google está chegando ao fim!

O sistema de busca Google já não é tão popular entre os Nerd`s da internet. A metodologia de posicionamento dos links já não alcança com a mesma satisfação todos os clientes. Normalmente é melhor posicionado o link mais linkado, mas isso não quer dizer que seja o mais atual, ou muito menos o mais completo.

Nessa lacuna de satisfação deixada pela ferramenta, novos sistemas procuram, com o perdão do chavão, um lugar ao sol; ou melhor, um espaço de mais acessados do usuário.

Entre as novas estruturas, uma, entretanto, me chamou muito a atenção e ganhou um posto de destaque no meu FAVORITOS.

Sob o slogan “Who’s saying what. Right now.” ("Quem está falando o que. Agora"); o site Technorati (http://www.technorati.com/) se pretende a exibir ao usuário a informação de busca mais recente da net. E como comprova a foto ai do lado, o sistema de identificação de sites é ainda mais eficiente que o famoso Google. Por que?

O Peixe Fugido tinha seu último post publicado entre os primeiros sites trazidos pelo resultado da busca com a palavra “peixe fugido”. E olha que eu nem precisei mandar e-mails para eles, nem nada disso. O blog estava lá e pronto!

Que super ferramenta é essa?

A minha favorita.

quarta-feira, julho 19, 2006

O lixo (ou o luxo?) do capital


Você já pensou na possibilidade de algum dia acordarmos do grande sono e descobrirmos que não somos indivíduos, que não somos seres humano, mas apenas um produto ou uma personagem de um grande espetáculo, de um grande comercial de TV?

segunda-feira, julho 17, 2006

Devaneio presunçoso 3

Homem aí do lado.
Continuação.

“O corpo endireitava-se, os pés procuravam a firmeza do solo, mas o velho, naquele instante, era só uma criança que acordava do susto de se imaginar indo ao chão.”

Nos passos seguintes evitou pensar sobre o que acontecera. Caminhou firme, olhos fixos. Há muitos anos não se permitira sonhar daquela forma. Não acreditava em sonhos porquê não concordava em ver o mundo pelo álcool da ilusão. Não permitir que nada se colocasse entre seu entendimento e o mundo real lhe garantia a certeza de fazer o que era certo. A plena consciência sobre a vida à sua volta lhe garantiram a posição atual.

Orgulhou-se de não ter condenado uma vida à existência humana e enquanto o fez, amaldiçoou os pais, velhos a quem abandonou enquanto era ainda jovem.

Precisamente, lembrou-se, quando terminou o ensino básico. Aos 15 anos juntou o dinheiro que havia ganho trabalhando na rua e sem sorriso ou lágrimas despediu-se dos limitados progenitores. Não haveriam glórias e acenos para um moleque que deixava tudo para trás. Enquanto o ônibus deixava a cidade, o coração, descompassado, pulsou pelo orgulho que lhe inundavam as veias. Olhos se fecharam, quando retornaram a abrir só puderam distinguir o mato que se alastrava entre as cidades. Naquele exato segundo percebeu que a diferença entre o passado e o futuro estava no breve abrir e fechar das pálpebras. Jurou pelo orgulho que lhe aquecia as mãos não mais se preocupar pelo que foi feito. Olharia fixo no passo seguinte, preocuparia sempre no segundo próximo.

Ainda não era capaz de devagar sobre a vida, sobre o que representava, mas entendeu, plenamente, que estava ali sozinho, fazendo a sua parte. Como uma pequena peça da grande máquina endireitou as costas, repousou a palma das mãos sobre as coxas e fez, matematicamente, o que deveria fazer. Esperou.

quarta-feira, julho 12, 2006

Devaneio presunçoso 2


Desculpem a demora em atualizar o blog. Vi orgulhoso que mais uma leitora apareceu por aqui. Espero que goste da segunda parte do texto.

Se não leu a primeira, clique aqui.


Juro que vou atualizar mais o blog, juro.

Fico esperando a opinião de vocês.

Homem aí do lado.

Continuação.

“Saudoso, satisfez-se ao lembrar que ainda gostava de pássaros.”

E foi ao som de um desses que o sol invadiu seus olhos ao deixar a repartição onde trabalhava. Ao transpor a grande porta, orgulho de um prédio modernista, virou o pescoço para os dois lados e viu-se em meio a multidão.

As roupas gastas, o olhar caído não lhe rendiam atenção, nem precisava, era parte do todo. E como sonhara, nos velhos dias das rãs na janela, o menino do campo deixara os campos e atoleiros para embrenhar-se nas tumultuadas ruas da cidade grande.

Depois de tantos anos aprendera o gingado do andar quando se está ao lado de tanta gente; virava o ombro e se esquivava, parava de repente acompanhando o desejo inexplicável da vontade alheia. Entre trancos e solavancos alcançou a praça central.

Dentro daquelas grades o corpo perdia rigidez e ganhava doçura, caminhou leve, passos altos, deslizou entre os pequenos caminhos cercados de árvores com um toque feminino discreto, perceptível no contraste com as rugas e pelos faciais.

Naqueles breves instantes, quando a felicidade proporcionada pelo nostálgico ambiente provinciano lhe invadiu os sentidos, um pensamento libidinoso lhe acordou o corpo. Há muito não experimentava o gozo físico, mas o simples querer lhe desenhou um sorriso nos lábios carnudos. Ninguém jamais perceberia o velho que ali reconstruía tantos sentimentos para se sentir de novo vivo, mas o momento chamou a atenção do vento, que em brisa beijou-lhe os lábios e correu vergonhoso por entre as árvores.

De volta ao passeio exterior o corpo enrijeceu, as mãos tremularam enquanto o lábios fechavam-se, mais uma vez olhou o futuro óbvio nos próximos passos, renegando o passado, nem sua própria história não lhe pertencia.

Ninguém a sua volta chamava-lhe a atenção. O persistente pensamento beligerante entendia as pessoas como povo, parafusos e porcas partes de um sistema muito maior. Cada peça, explicava-se, poderia ser substituída quando estragada. Entre os infelizes pedaços do todo poderiam haver líderes, que eram também parte do próprio sistema. Presidentes e governadores poderiam orgulhar-se ao clamarem sua posição, a esses, sobrava o desdenho e nojo.

Enquanto enxergava o mundo nessa infinita fragmentação harmônica, confortava-se na idéia de ser parte de algo maior. Sem desviar os olhos, viu-se caminhando entre tantos, a origem ou conteúdo dos papéis na pasta que carregava não eram importantes, só a imagem do homem que ali seguia seu caminho consciente de sua função, desconhecedor de seu propósito.

Apesar dos olhos fixos, a consciência abandonou os opacos olhos verdes, e no instante do erro, os pés se confundiram no protocolo metódico do andar e o velho tropeçou. Culpou-se nervoso, mas a vergonha só foi maior quando um pedaço do passado esquecido ergueu-se à esfera da consciência deixando lugar para que um breve sorriso acompanhasse a lembrança da infância.

O corpo endireitava-se, os pés procuravam a firmeza do solo, mas o velho, naquele instante, era só uma criança que acordava do susto de se imaginar indo ao chão.

quarta-feira, junho 28, 2006

Homens são homens.


Banheiro masculino é o único lugar onde homem ainda pode ser homem. E isso explica o cheiro, o mijo no chão e os desenhos infantis nas paredes...

É tempo e hora

Um dia o Cristo revolucionário, da moderna sociedade, perguntou ao homem, “você tem fome de que?”. Sabia desde o princípio da formulação da frase, ainda em seus miolos, que a resposta não podia ser pão. E se fosse pão estava confirmada a certeza de que precisávamos urgentes desses revolucionários, o Cristo justificava sua existência e provara-se útil.

Preocupada com os insurgentes, a cultura massivadora ensinou a plebe a responder que sua fome agora era de conhecimento. Diante a nova resposta, o Cristo já não pode fazer mais nada, sua função era incitar, fazer querer, ensinar era tarefa dos professores, acadêmicos, conhecedores.

Sem os Cristos, pelejamos, na língua do matuto, tentando construir um país de fachadas, nomes e luzes. O burro e o ignorante aprenderam a repetir que sua fome é de conhecimento, que sua sede é por saber, mas como toda repetição, não há idéia, só palavras vagas que soam como coisa “de rico”, ou melhor, de “não pobre”.

Mas esses mesmos Zé das Cuais, João das Couves, Maria das Dores e tantos outros que se apertam nos ônibus lotados ainda precisam de incentivos, dos gritos revolucionários. Aprenderam a repetir o que deve ser dito, mas ainda vivem como coadjuvantes num país de palhaços e reis.

O povo precisa agora de palavras. Não me refiro, claro, de sons guturais esbravejados em palanques, amplificados por microfones e cores. O povo “precisamos” de cultura. Precisamos de mais do que ler e escrever, mais do que repetir, queremos, agora é entender.

Por muitos anos afastados do fluxo político nacional os Zés e Marias não devem mais ser simples financiadores da corrupção que assola o país. É hora de assistir, como colaboradores, o crescimento que orgulha os letrados e põe pão na mesa dos ignorantes, no termo academicamente vinculado.

É hora de resgatar os revolucionários, de direita e esquerda. É hora de criar o espaço de centro para que muitos outros pipoquem na vida social. Muitos deles já estão por ai, mas se sentem como que pregando num deserto. E esse terreno árido e inóspito é decorrência direta de décadas e décadas de "desinvestimentos" em educação e cultura. São mais de trinta anos de indigência cultural. São três décadas de progressiva destruição do ensino brasileiro, de destruição das escolas públicas, tanto de ensino fundamental como de ensino médio ou mesmo superior. E o que dizer das universidades privadas que proliferam? – privadas aqui empregado, entenda-me bem, no sentido de particulares, em oposição a públicas, e não no pertinente sentido de louça sanitária. E o resultado é esse quadro desolador que aí está: um povo “emburrecido” e adormecido. O povo brasileiro, relegado a mais absoluta indigência, segue faminto de palavra e pão.

É tempo de mudar, hora de votar.

sexta-feira, junho 23, 2006

Dessa vez vai!


Sou um apocalíptico. Acredito com a certeza, característica dos tolos, que irei assistir, ainda em vida, o fim de todas as coisas.

Não há religião, ciência ou novela nesse mundo que me prove o contrário. Sabe quando as pessoas dizem que tem certeza de algo? Quase como uma premonição, um sentimento de conhecer a verdade? Então, esse é o meu.

Esperei com expectativas que o mundo acabasse em 1999, afinal, todos se lembram do “De mil passarás, mas a dois mil não chegarás”. Apesar da famosa dobradinha 1999-2000, outras datas também foram anunciadas como o grande marco da humanidade, quer dizer, o marco final.

Desiludido vi começar 2001, e tava indo mau mesmo. Sem raios poderosos como a ira divina, nem ao menos tremores de terras como haviam prometido. Mas em setembro a comunidade apocalíptica se animou de novo. Nesse momento, puderam liberar toda a energia reprimida desde a mudança dos milênios. A bíblia, o corão, textos apocríficos, os ensinamentos buditas, as revistinhas do batman, todos explicavam “o grande pássaro colidindo com as montanhas construídas pela mão humana”. Mas não foi daquela vez.

Ainda esperançosos, sonhamos com o fim no desenrolar das guerras nos anos seguintes. Decepcionado, passei por 2002, 2003, 2004. Cheguei perto de achar que o mundo ficaria ai para sempre. Pelo jeito não.

O que está bombando nas rodas de discussão é o código bíblico. Vou explicar mais ou menos com funciona.

  1. Um cara, meio atoa pelo jeito, resolveu estudar mais afundo o Velho Testamento em sua versão original em hebraico. O que atraiu a atenção do pesquisador, foi a história que envolve os documentos. Grandes mentes da história humana como Issac Newton, acreditavam existir um código escondido entre as letras que compunham o texto.
  2. O bom estado de conservação dos textos permitiram aliado à computação permitiu avançar muito no sentido de entender os textos.
  3. Analisando o documento com a ajuda de um computador, verificou-se que a distância entre as letras ao longo de todo o texto seguiam um padrão matemático determinável. Alguns anos de pesquisa mais tarde, o modelo encontrado para se entender o suposto código foi a organização do texto como um cone. Ao observarem que algumas palavras iniciavam-se em uma extremidade do texto, dando continuidade na outra, resolveram unir essas extremidades formando um cilindro, no qual a primeira linha se une à segunda, a segunda à terceira, e assim continuamente, até alcançar a linha final.Com esse modelo, qualquer palavra que surgisse, poderia ser lida numa única seqüência.
  4. "A análise randômica indica que informações ocultas estão estremeadas no texto do Gênesis, sob a forma de seqüências alfabéticas eqüidistantes. O efeito é significativo em 99,998%. Observou-se, que quando o Livro do Gênesis é escrito como séries bidimensionais, seqüências alfabéticas eqüidistantes formando palavras com sentidos correlatos aparecem freqüentemente em estreita proximidade. Foram desenvolvidas ferramentas quantitativas para mensurar este fenômeno. A análise de randomização mostra que o efeito é significante ao nível de 0.00002"

De posse do “segredo” milenar, o tal cara atoa, começou a procurar por palavras-chave determinantes do processo histórico terrestre. Os resultados foram impressionantes, revelando momentos como as grandes guerras e avanços científicos marcantes na ciência.

Deixando todo esse lado burocrático de lado, entra a parte legal. O texto deixa previsões para o tempo futuro. Entre elas, estão que ainda em 2006, um grande terremoto destruirá a cidade de Los Angeles e que nesse mesmo ano, uma guerra nuclear mudará a forma como os homens vivem no planeta.

Até ai, tudo bem, pelo menos pra mim. Mais uma super e “verossímil” previsão do fim do mundo. Nada me deixa mais empolgado. Mas eu trago essa informação para vocês, não pela notícia em si, mesmo porquê sei que poucos como eu apreciam esse tipo de fatos. Essa informação fica bem legal com a leitura paralela da seguinte reportagem do Globo.com (http://oglobo.globo.com/online/ciencia/plantao/2006/06/21/284369318.asp). Como sei que poucos abriram o link, aqui está a chamada do texto “Cientista prevê grande terremoto próximo a Los Angeles”. O texto na verdade se refere a uma informação publica pela revista Nature, a mais famosa revista de divulgação científica do mundo.

Depois de tudo isso explicado, mostrado e “provado”, retorno ao título que nome ao post dessa vez vai. De 2006 o mundo, como conhecemos, não passa!

E se passar? Não vai. Mas e se? E se, eu formo o ano que vem, vou procurar um emprego e continuar vivendo. Sem me esquecer, é claro, o meteoro que provavelmente vai destruir o planeta em 2014. Não sabiam? Então, de um meteoro, ninguém escapa.

Mais sobre o código da bíblia:

http://www.misteriosantigos.com/codbiblia.htm

Mais sobre o meteoro em 2014:

Asteróide 'pode colidir com a Terra em 2014'” em BBC Brasil

http://www.bbc.co.uk/portuguese/ciencia/story/2003/09/030902_asteroiderg.shtml

terça-feira, junho 20, 2006

Para os novos visitantes

O PeixeFugido sai na frente oferece todo o conteúdo exclusivo agora também em inglês.

Com as bênçãos do deus Google, essa nova possibilidade permite aos usuários internacionais acompanharem o que acontece na cabeça demente do autor.

Para visualizar o blog em inglês basta clicar na bandeira ao lado.


Or must I say?:

The Run Away Fish (PeixeFugido) came first and offer all its exclusive content also in English.

By bless of Google god, this new possibility allow the international users see what is happening on the maniac mind of the author.

To read this blog in English you have to click at the British flag on the right side bar.

Desde o início dos tempos.

Dispensa comentários...

Os deuses do Google.


Outro dia, um amigo comentou que devido à facilidade de busca, poderíamos chamar Google de deus (letra minúscula proposital, afinal, não sou um herege que merece queimar nas labaredas eternas do inferno, ouvindo Bob Dylan e assistindo novela).

Que o google facilitou a vida, isso com certeza. Mas o que mais me assusta é a nova construção de verdade baseada em pesquisas que assumimos.

Duro e simples. Se depois de algumas tentativas frustradas de pesquisa utilizando diferentes e estratégicas palavras-chaves, ainda assim não encontrarmos sobre o tema que estávamos procurando, assumimos prontamente que não existe. Não mais recorremos a bases físicas de dados para desvendar o mundo.

Se as pessoas ainda lêem hoje em dia, e graças a Deus algumas o fazem, é meramente para acompanhar as notícias diárias, em caminho vertiginoso para tornar-se essencialmente digital, e pela literatura.

A literatura que é na verdade, o único meio de salvar a informação de papel. Pergunte a qualquer leitor se ele trocaria o papel pelo monitor. Nem somente os velhos apreciadores diriam nunca, mas também os jovens e casuais leitores. Literatura é papel e ponto. O brilho artificial não tem espaço nas estórias e histórias da leitura romanceada.

De volta à pesquisa, poderíamos facilmente assumir que uma ferramenta tão eficaz como o Google (letra maiúscula única e exclusivamente por respeito à marca) não só facilita, como democratiza o acesso a informação. Não mais grandiosas bibliotecas ao redor do mundo, a passagem que precisamos pode ser encontrada em qualquer lugar, do 486 dx2 do laboratório de informática do Centro de Ciências de Pessoas, ao super-mega-bom-do-universo dual core 6 gigas de pura adrenalina no Centro de Ciências de Pesquisas que Dão Dinheiro para as empresas.

Mas será que todo o conhecimento humano já está publicado na rede? Claro que não. Muitos são os livros dos autores desacreditados que jamais terão espaço para releitura depois de tantos séculos e seus conhecimentos irão, como o próprio autor, se apagar.

Grandes avanços sobre o entendimento do mundo e da vida se deram sobre releituras, pesquisas organizadas no cruzamento de informações dispostas em milhares de fontes, mas agrupadas e hierarquizadas pelo centro de informação central do leitor, não por um conjunto de algoritmos frios e maus.

E os tais autores desacreditados poderiam facilmente ser reencarnações (agora eu vou pro inferno) de Galileu ou Copérnico ou filhos de Amauri de Chartes ou Capocchio tão prodigiosos como seus progenitores.

Ao rever a escrita desses autores, julgados e condenados em suas épocas, que evoluímos em astronomia, física e química, respectivamente.

Apesar de se propagandear como a grande revolucionária na disseminação de informação, a internet é na verdade a nova inquisição do mundo moderno. Só é publicado o que os puritanos dos internautas julgam importante ou relevante e só alcança o grande público o que os grandes portais divulgam. E só pode ser acessado o que o Google ou Yahoo! classificam como relevantes.

Não se iludam meus amigos, publicar é só o primeiro filtro da informação. Este blog, por exemplo, não é encontrado em nenhum mecanismo de busca.

Querem calar essa voz que brande por atenção (dessa vez eu viajei, propositalmente) e que proclama a verdade aos quatro ventos. Como eu sei? Está tudo aí, na internet...