quarta-feira, julho 26, 2006


A hora do Google está chegando ao fim!

O sistema de busca Google já não é tão popular entre os Nerd`s da internet. A metodologia de posicionamento dos links já não alcança com a mesma satisfação todos os clientes. Normalmente é melhor posicionado o link mais linkado, mas isso não quer dizer que seja o mais atual, ou muito menos o mais completo.

Nessa lacuna de satisfação deixada pela ferramenta, novos sistemas procuram, com o perdão do chavão, um lugar ao sol; ou melhor, um espaço de mais acessados do usuário.

Entre as novas estruturas, uma, entretanto, me chamou muito a atenção e ganhou um posto de destaque no meu FAVORITOS.

Sob o slogan “Who’s saying what. Right now.” ("Quem está falando o que. Agora"); o site Technorati (http://www.technorati.com/) se pretende a exibir ao usuário a informação de busca mais recente da net. E como comprova a foto ai do lado, o sistema de identificação de sites é ainda mais eficiente que o famoso Google. Por que?

O Peixe Fugido tinha seu último post publicado entre os primeiros sites trazidos pelo resultado da busca com a palavra “peixe fugido”. E olha que eu nem precisei mandar e-mails para eles, nem nada disso. O blog estava lá e pronto!

Que super ferramenta é essa?

A minha favorita.

quarta-feira, julho 19, 2006

O lixo (ou o luxo?) do capital


Você já pensou na possibilidade de algum dia acordarmos do grande sono e descobrirmos que não somos indivíduos, que não somos seres humano, mas apenas um produto ou uma personagem de um grande espetáculo, de um grande comercial de TV?

segunda-feira, julho 17, 2006

Devaneio presunçoso 3

Homem aí do lado.
Continuação.

“O corpo endireitava-se, os pés procuravam a firmeza do solo, mas o velho, naquele instante, era só uma criança que acordava do susto de se imaginar indo ao chão.”

Nos passos seguintes evitou pensar sobre o que acontecera. Caminhou firme, olhos fixos. Há muitos anos não se permitira sonhar daquela forma. Não acreditava em sonhos porquê não concordava em ver o mundo pelo álcool da ilusão. Não permitir que nada se colocasse entre seu entendimento e o mundo real lhe garantia a certeza de fazer o que era certo. A plena consciência sobre a vida à sua volta lhe garantiram a posição atual.

Orgulhou-se de não ter condenado uma vida à existência humana e enquanto o fez, amaldiçoou os pais, velhos a quem abandonou enquanto era ainda jovem.

Precisamente, lembrou-se, quando terminou o ensino básico. Aos 15 anos juntou o dinheiro que havia ganho trabalhando na rua e sem sorriso ou lágrimas despediu-se dos limitados progenitores. Não haveriam glórias e acenos para um moleque que deixava tudo para trás. Enquanto o ônibus deixava a cidade, o coração, descompassado, pulsou pelo orgulho que lhe inundavam as veias. Olhos se fecharam, quando retornaram a abrir só puderam distinguir o mato que se alastrava entre as cidades. Naquele exato segundo percebeu que a diferença entre o passado e o futuro estava no breve abrir e fechar das pálpebras. Jurou pelo orgulho que lhe aquecia as mãos não mais se preocupar pelo que foi feito. Olharia fixo no passo seguinte, preocuparia sempre no segundo próximo.

Ainda não era capaz de devagar sobre a vida, sobre o que representava, mas entendeu, plenamente, que estava ali sozinho, fazendo a sua parte. Como uma pequena peça da grande máquina endireitou as costas, repousou a palma das mãos sobre as coxas e fez, matematicamente, o que deveria fazer. Esperou.

quarta-feira, julho 12, 2006

Devaneio presunçoso 2


Desculpem a demora em atualizar o blog. Vi orgulhoso que mais uma leitora apareceu por aqui. Espero que goste da segunda parte do texto.

Se não leu a primeira, clique aqui.


Juro que vou atualizar mais o blog, juro.

Fico esperando a opinião de vocês.

Homem aí do lado.

Continuação.

“Saudoso, satisfez-se ao lembrar que ainda gostava de pássaros.”

E foi ao som de um desses que o sol invadiu seus olhos ao deixar a repartição onde trabalhava. Ao transpor a grande porta, orgulho de um prédio modernista, virou o pescoço para os dois lados e viu-se em meio a multidão.

As roupas gastas, o olhar caído não lhe rendiam atenção, nem precisava, era parte do todo. E como sonhara, nos velhos dias das rãs na janela, o menino do campo deixara os campos e atoleiros para embrenhar-se nas tumultuadas ruas da cidade grande.

Depois de tantos anos aprendera o gingado do andar quando se está ao lado de tanta gente; virava o ombro e se esquivava, parava de repente acompanhando o desejo inexplicável da vontade alheia. Entre trancos e solavancos alcançou a praça central.

Dentro daquelas grades o corpo perdia rigidez e ganhava doçura, caminhou leve, passos altos, deslizou entre os pequenos caminhos cercados de árvores com um toque feminino discreto, perceptível no contraste com as rugas e pelos faciais.

Naqueles breves instantes, quando a felicidade proporcionada pelo nostálgico ambiente provinciano lhe invadiu os sentidos, um pensamento libidinoso lhe acordou o corpo. Há muito não experimentava o gozo físico, mas o simples querer lhe desenhou um sorriso nos lábios carnudos. Ninguém jamais perceberia o velho que ali reconstruía tantos sentimentos para se sentir de novo vivo, mas o momento chamou a atenção do vento, que em brisa beijou-lhe os lábios e correu vergonhoso por entre as árvores.

De volta ao passeio exterior o corpo enrijeceu, as mãos tremularam enquanto o lábios fechavam-se, mais uma vez olhou o futuro óbvio nos próximos passos, renegando o passado, nem sua própria história não lhe pertencia.

Ninguém a sua volta chamava-lhe a atenção. O persistente pensamento beligerante entendia as pessoas como povo, parafusos e porcas partes de um sistema muito maior. Cada peça, explicava-se, poderia ser substituída quando estragada. Entre os infelizes pedaços do todo poderiam haver líderes, que eram também parte do próprio sistema. Presidentes e governadores poderiam orgulhar-se ao clamarem sua posição, a esses, sobrava o desdenho e nojo.

Enquanto enxergava o mundo nessa infinita fragmentação harmônica, confortava-se na idéia de ser parte de algo maior. Sem desviar os olhos, viu-se caminhando entre tantos, a origem ou conteúdo dos papéis na pasta que carregava não eram importantes, só a imagem do homem que ali seguia seu caminho consciente de sua função, desconhecedor de seu propósito.

Apesar dos olhos fixos, a consciência abandonou os opacos olhos verdes, e no instante do erro, os pés se confundiram no protocolo metódico do andar e o velho tropeçou. Culpou-se nervoso, mas a vergonha só foi maior quando um pedaço do passado esquecido ergueu-se à esfera da consciência deixando lugar para que um breve sorriso acompanhasse a lembrança da infância.

O corpo endireitava-se, os pés procuravam a firmeza do solo, mas o velho, naquele instante, era só uma criança que acordava do susto de se imaginar indo ao chão.