terça-feira, junho 20, 2006

Os deuses do Google.


Outro dia, um amigo comentou que devido à facilidade de busca, poderíamos chamar Google de deus (letra minúscula proposital, afinal, não sou um herege que merece queimar nas labaredas eternas do inferno, ouvindo Bob Dylan e assistindo novela).

Que o google facilitou a vida, isso com certeza. Mas o que mais me assusta é a nova construção de verdade baseada em pesquisas que assumimos.

Duro e simples. Se depois de algumas tentativas frustradas de pesquisa utilizando diferentes e estratégicas palavras-chaves, ainda assim não encontrarmos sobre o tema que estávamos procurando, assumimos prontamente que não existe. Não mais recorremos a bases físicas de dados para desvendar o mundo.

Se as pessoas ainda lêem hoje em dia, e graças a Deus algumas o fazem, é meramente para acompanhar as notícias diárias, em caminho vertiginoso para tornar-se essencialmente digital, e pela literatura.

A literatura que é na verdade, o único meio de salvar a informação de papel. Pergunte a qualquer leitor se ele trocaria o papel pelo monitor. Nem somente os velhos apreciadores diriam nunca, mas também os jovens e casuais leitores. Literatura é papel e ponto. O brilho artificial não tem espaço nas estórias e histórias da leitura romanceada.

De volta à pesquisa, poderíamos facilmente assumir que uma ferramenta tão eficaz como o Google (letra maiúscula única e exclusivamente por respeito à marca) não só facilita, como democratiza o acesso a informação. Não mais grandiosas bibliotecas ao redor do mundo, a passagem que precisamos pode ser encontrada em qualquer lugar, do 486 dx2 do laboratório de informática do Centro de Ciências de Pessoas, ao super-mega-bom-do-universo dual core 6 gigas de pura adrenalina no Centro de Ciências de Pesquisas que Dão Dinheiro para as empresas.

Mas será que todo o conhecimento humano já está publicado na rede? Claro que não. Muitos são os livros dos autores desacreditados que jamais terão espaço para releitura depois de tantos séculos e seus conhecimentos irão, como o próprio autor, se apagar.

Grandes avanços sobre o entendimento do mundo e da vida se deram sobre releituras, pesquisas organizadas no cruzamento de informações dispostas em milhares de fontes, mas agrupadas e hierarquizadas pelo centro de informação central do leitor, não por um conjunto de algoritmos frios e maus.

E os tais autores desacreditados poderiam facilmente ser reencarnações (agora eu vou pro inferno) de Galileu ou Copérnico ou filhos de Amauri de Chartes ou Capocchio tão prodigiosos como seus progenitores.

Ao rever a escrita desses autores, julgados e condenados em suas épocas, que evoluímos em astronomia, física e química, respectivamente.

Apesar de se propagandear como a grande revolucionária na disseminação de informação, a internet é na verdade a nova inquisição do mundo moderno. Só é publicado o que os puritanos dos internautas julgam importante ou relevante e só alcança o grande público o que os grandes portais divulgam. E só pode ser acessado o que o Google ou Yahoo! classificam como relevantes.

Não se iludam meus amigos, publicar é só o primeiro filtro da informação. Este blog, por exemplo, não é encontrado em nenhum mecanismo de busca.

Querem calar essa voz que brande por atenção (dessa vez eu viajei, propositalmente) e que proclama a verdade aos quatro ventos. Como eu sei? Está tudo aí, na internet...

3 comentários:

Unknown disse...

Gostei do ponto de vista...Realmente interessante, ainda mais o aspecto da releitura e seleção...Afinal, será o KibeLoco é realmente a coisa mais relevante que a internet tem a oferecer? E será que um dia nós vamos ter a oportunidade de saber o que vai ficar e o que vai ficar para trás? E, claro, concordo que dificilmente vai ficar o melhor...

P.S: A história do Google estar se tornando algo divino é verdade...Um amigo meu me disse que certa vez tinha perdido as meias e digitou no google "minhas meias". Apareceu só um resultado que dizia "olha debaixo da cama".

P.S.2: Pô, eu gosto de Bob Dylan!

Anônimo disse...

é DEUS no céu e o Google na terra, ou melhor, na mente!(o que é mais perigoso..) é..desse jeito vamos todos "queimar",sem precisar estar no inferno pra isso.só o Google salva, ops! só DEUS salva!

Anônimo disse...

bob dylan eh mto bom!!!e se vc ficar falando mal dele vo espaplhar na internet q vc gosto do elephant men!!!(eh assim q se escreve??)