segunda-feira, agosto 14, 2006

Pequenas diferenças


O pequeno ser ai do lado, é o animal mais perigoso pra vida humana existente no planeta Terra. Suas vítimas são, com raras exceções, feridas de morte.

Composto por mais de 99% de água, o pequeno animal libera uma substância altamente tóxica, levando a morte um homem normal em menos de 4 horas.

Por que eu estou contanto isso tudo?

Antes de que você mude de canal achando que viramos uma versão online e degradada do Discovery Channel, fique sabendo que só estou contando isso tudo para levantar fatos e ter uma breve “discussão”.

Então vamos lá...

A água é a substância mais importante para se conceber a existência humana.

Em números e proporções, esse pequeno animal ai do lado tem de água pura (H2O) a mesma quantidade que encontramos num copo de água potável de um rio, por exemplo, isso porquê, na água do rio encontramos grandes quantidades de areia, microorganismos e tantas outras coisinha pequenininhas que não conseguimos enxergar. Uma pequena variação no 1% restante é o suficiente para transformar vida em morte.

Meio dramático, né?

Mas não estou aqui para fazer drama, mas sim para pensar um pouco mais sobre essas pequenas diferenças...

Um breve olhar pode transformar um “Acho que te quero” num “Não tem chance”. Uma palavra pode fazer de “Grandes futuros amigos” em “Ta ok então, até mais”. É tudo muito singelo, simples.

Não importa as grandes coisas que fazemos em vida, o entendimento sobre o mundo e especialmente, sobre os outros, se dá nos detalhes. Não importa o carinho com o qual cativou um grande amigo, não ligar no dia de seu aniversário é muitas vezes vital para ditar o futuro desse breve relacionamento.

O ser humano é essencialmente tolo. Aficionado por detalhes, não prestamos atenção na maior parte da conversa que temos todos os dias, mas ficamos facilmente magoados com breves detalhes do discurso alheio.

Ninguém diria que seu EU pode ser resumido por breves detalhes, facetas do seu comportamento diário, mas sim pela análise macro de sua vida. Dizemos que não podemos ser analisados só pelo que falamos ontem, mas pelo trabalho de uma vida. Paradoxalmente, a maioria admitiria que podemos conhecer o outro pelos detalhes.

Acredito que o cerne desse pensamento funda-se na vontade. O EU geral é trabalho de forma racional, virtualmente controlável e controlada; enquanto os deslizes, detalhes do dia-a-dia nos foge ao controle. Pensa-se então que EU fugido diz mais sobre MIM que o EU socialmente trabalhado.

Concordo que existe essa dicotomia entre um EU puro e outro mascarado. Concordo que muitas vezes assumimos personalidades que não são verdadeiras para conviver em público. Mas é ai que repousa o principal elemento de toda essa história!

Quando percebemos no outro essa fuga da realidade individual na tentativa de criar um segundo indivíduo, aí sim percebemos realmente que ele é. Perceber uma pessoa artificialmente intelectual ou “descolada” nos diz muito mais sobre suas características originais que qualquer comentário despreocupado.

Defendo então que paremos de julgar as pessoas por meros acasos, uma atitude assim só mostra nossa preguiça em realmente buscar entender o mundo. Passemos então a ativamente perceber todo um universo social fascinante que nos rodeia, buscando entender o mundo como um todo, para aí sim, descobrir quem são ELES ou VOCÊS e nesse processo desvendar as estruturas que também condicionam o EU, que muitas vezes escondemos de nós mesmos.

Sem frase de duplo sentido para o texto de hoje.

5 comentários:

Unknown disse...

Thiago, com o perdão da expressão futebolística totalmente deslocada de contexto, saiba que você "acertou na veia"! Eu já comecei textos sobre esse assunto pelo menos umas 3 vezes, mas nunca terminei. Agora não preciso mais me preocupar em terminar, gostei demais do seu e acho que disse muito do que eu queria dizer.Me fez pensar naquele filme "Encontros e Desencontros", não sei porque...

Anônimo disse...

Concordo com o João. O texto ficou incrível. Gostei da comparação com a água viva para chegar aos detalhes que mudam tudo. Muito bom!

Anônimo disse...

A propósito (já que você queria que os seus comentários virassem chat também), eu não gostei do filme Encontros e Desencontros.

Unknown disse...

Como alguém pode não gostar de um filme com o Bill Murray? Fora isso, o que me incomodou (positivamente, se é que isso é possível) em encontros e desencontros é a idéia que permeia o filme de que a comunicação é impossível...O próprio título original (Lost in Translation) mostra isso...Tudo que você quer dizer precisa ser traduzido e retraduzido até chegar nas pessoas...Ah, eu vou escrever um post sobre isso amanhã, porque não estou conseguindo me explicar direito...

Sujeito Oculto disse...

Caro Thiago,
te acrescentei nos blogs de Para o Túmulo. Sim, concordo com o que você diz, acho que tem tudo a ver com o meu post Infelicidade. Criamos personagens para cada situação, para o trabalho, para o relacionamento com a família, com a namorada ou esposa, para determinado grupo de amigos e, no final, aqueles atos falhos, aquelas atitudes que nos escapolem, são o que revela quem realmente somos.