segunda-feira, setembro 04, 2006

O EU e o passado

Como vocês enxergam seu passado? Ao olhar para trás e se ver anos mais novo, ou mesmo meses, quem é essa pessoa que invade sua noção de EU?

Pergunto isso porquê eu, pessoalmente, não tenho uma relação harmoniosa com meu passado. Vejo um alguém que naquele momento fora chamado de Thiago como um estranho. Uma pessoa como as outras, teve um segundo de existência durante o fluxo da eternidade, mas que o perdeu no momento em que o viveu; como a chama de uma vela que jamais poderá queimar a mesma linha e a mesma cera.

Ao tentar explicar porque dessa indiferença, acabo caindo na pergunta essencial. O que realmente somos?

O pedante discurso social me diria que sou fruto das intermináveis variáveis sociais, que combinadas geram a existência única do EU; como um boneco de lego, montado por pequenos blocos coloridos.

O padre me diria que sou a representação do sopro da vida. A prova única e cabal da existência inteligente de um Ser Superior.

Apesar de limitar a citar essas duas concepções, muitas outras abundam nas mentes criativas daqueles que se acham capazes de explicar o mundo. Mas em ambas, cairemos na eterna loucura de nunca assumir a total responsabilidade sobre o que somos ou fazemos. Se Deus ou a sociedade, estou humanamente distante do núcleo vital. Uma expressão, um algoritmo dependente da grande equação universal.

Desacreditado, busco hoje me distanciar de construções e conceitos, lançando assim, um olhar imparcial sobre o EU vivente. Mas quanto mais busco distanciar o que é DELES do que é MEU, caio numa dicotomia ainda mais angustiante. Se de um lado encontro cada vez mais noções para tentar me abstrair, do outro encontro-me cada vez mais triste e deprimido. Uma vida sem razão ou consciência, se o drama me permite exagerar.

Depois de assassinar tudo aquilo que acreditava me ser IMPOSTO, descubro que na verdade as construímos para fugir de toda essa imposição.

Não somos humanos sem ideais, sem sonhos.

Tento enxergar esse mundo do EU ainda como o bloco de peças, mas cuja noção de individualidade nasce não numa peça principal, um bloco das consciência, mas do conjunto. E entre os significados desse conjunto está o querer, a fé e o sonho.

2 comentários:

Unknown disse...

É Thiago...A gente pensa, pensa, pensa...E descobre que a solução é não pensar muito...Mas como tem que pensar muito pra descobrir isso, aí já ná adianta...

Anônimo disse...

Eu e a minha eterna cisma com as Elisas passadas. E a constante busca da Elisa de hoje para construir qualquer coisa para a Elisa de amanhã. E são tantas Elisas que no final acho que eu as construi e acabei me perdendo no meio de tanta invenção. Uou. Vou parar.

Sim. Grogue de sono. Mas ainda capaz de admirar um bom texto.

PSI! (tum tum tum) PSI! (tum tum tum)