“Não me acusem de ladrão. Mas podem sim me chamar de populista”.
Essa poderia muito bem, ser uma frase do presidente Lula, obviamente se acrescentássemos nela alguns erros ortográficos e gramaticais. Afinal, com a mesma ânsia que se protege das acusações de roubo e desvio de verbas, parece esfregar-nos nas fuças o quanto esse ano é importante. Mais importante pra ele claro, ano de decisão, para o resto de nós, pobres eleitores incapazes de mudar o mundo, temos somente a Copa do Mundo.
No fim de 2005, assisti, esperançoso, as promessas do presidente que este seria um ano histórico para o Brasil. Naquele momento, acredita que os frutos, aos quais se referia o presidente, seriam a demonstração prática e social do trabalho econômico desenvolvido em três anos de governo. Achei, juro que achei, que ele tinha deixado o melhor para o final. Obviamente, sabia que essa manobra era eleitoreira, não me chamem de bobo, pelo menos não ainda.
Um janeiro de expectativas, para o carnaval. Um fevereiro de festas, o carnaval. O presidente ainda prometendo, um carnaval.
Descubro, agora, portanto, não tarde de mais, que as promessas eram verdades. Mas admito, resignado, que errei. Errei ao acreditar que veríamos nesse abençoado ano, o tal bendito fruto do trabalho presidencial. Errei ao acreditar que o governo se vangloriaria-se pelo crescimento da nação. Errei por achar que dessa vez seria diferente. E errei mil vezes por acreditar no Lula.
As mudanças, berradas e babujadas, eram, na verdade, simplesmente, medidas populistas como tantas outras que ouvimos e já nos esquecemos. A confirmação final veio ontem a noite. Em caráter de emergência, será votada em câmara, a proposta de lei que cria vagas especiais para negros, estudantes de escola pública e descendentes indígenas. O apressado relator estabeleceu que as cotas podem alcançar 50% das cadeiras na universidade pública em 5 anos.
Vamos conversar sobre isso devagar.
Não que o tópico seja ser ou não contra o projeto, não é isso; apesar de falando-se de mim, sou contra. Mas o importante é fazer de uma importante decisão, merecedora de um debate nacional, uma medida de urgência. Para que? Para oferecer ao povo, ignorantado; digo-o no sentido de lembrarmos que o povo assim fora feito, Muitos anos sem educação adequada para esperarmos diferente; mais uma oportunidade, um pagamento histórico; pelo menos é que prevejo eu, se essa clarividência me seria por um segundo concedida por Deus. E esse discurso tolo, já tanto repetido quanto assimilado, tanto amado quanto desprezado, é somente o que um presidente igualmente ignorante tem.
Falaremos outra hora da lei. Quando essa for, e será, aprovada.
Por agora, só uma certeza. Em 2006, sou tucano.
Agora sim, podem me chamar de bobo.