sexta-feira, maio 05, 2006

Sobre a vida


Nunca fiquei tão empolgado em postar nesse blog. Mesmo sabendo que só o João (VALEW!) está lendo, é como se eu conversasse comigo mesmo. Quero dizer, um espaço para que o restante do meu corpo conheça as idéias produzidas “lá em cima”.

Péra aí! Não era sobre isso que eu iria falar, o objetivo era continuar o assunto da crise do gás, mas essa minha última frase, me chamou a atenção e gerou um pensamento...

E se (“todos os direitos reservados”) em alguma instância, nossos membros possam individualmente (palavra propositalmente escolhida, cuja idéia corrobora com a construção do termo indivíduo, organismo social dotado de inteligência) repito, individualmente, pensar e fazer decisões.

Lembre que seu braço ou sua perna são compostos por células, a parte primária da vida, capazes de gerar energia, se reproduzir e seguir rotinas, quero dizer, cada célula seria como uma pessoa que trabalhando juntas permitiram o funcionamento do organismo maior, incondicionalmente superior a existência desses “parceiros”, EU.

Todos esses pedaços da vida suprema, o eu, tem sua existência subordinada e determinada pela simples noção de algo maior. E digo noção, porquê não sou capaz de assumir que essas células possam perceber sua existência enquanto parte do todo, pelo menos, não a maioria e claro reservo um espaço carinhosamente especial para aquelas que se destacassem e que intelectualmente pudessem perceber esse modo de vida tão dependente.

Então, essa simples noção faz com sigam diariamente, nascendo, se alimentando, reproduzindo e morrendo, financiando, se não subordinando com suas próprias vidas, que eu possa também viver e me autodeterminar.

Algum revolucionário, quem sabe um entre elas (células), poderia dizer que isso caracteriza um saque. Afinal, o eu todo poderoso faço uso das pobres colaboradoras para meu próprio viver. Mas pera aí, elas não são somente colaboradoras, são parte do todo. São essencialmente determinantes para a própria noção de existência do todo, e esse conceito deve ser trabalhado com um pouco mais de cuidado.

Cada célula não é especificamente necessária para a sobrevivência maior, mas elas em números são determinantes. Relembrando que EU sou o TODO, ao qual me refiro aqui, suponho minha existência a essa noção de números, de partes, de colaboradoras. Não SOU mais que o trabalho conjunto de um grupo de operárias exclusivamente consideráveis enquanto grupos, lembrando que o termo exige a noção de “maior que um”.

E se formado por elas, não negaria que delas carrego algumas características.

O texto deveria terminar aqui, e tenho certeza que o João já entendeu o que eu estava dizendo, mas quero me aprofundar um pouco mais.

A partir de agora, passo a considerar o EU enquanto um organismo já previamente unificado, e a noção de TODO se desfaz daqui pra frente.

Vamos pensar nessas características. Bem como elas, sou capaz de produzir minha própria energia, utilizando-me somente do ambiente onde estou inserido. Esse dependência fisiológica me permite viver sem ter de me associar a outro organismo. Bem como elas, nasço fruto de outros seres de quem sou semelhante, cresço, me reproduzo e inexoravelmente morrerei.

Minha existência, entretanto, e como a delas, não se limita ao simples ato puro do viver, por opção da minha espécie, prefiro pensar, nesse momento, em opção; faço da minha vida uma forma de sustentar um desenvolvimento maior, a sociedade. Ofereço minha vida pela sociedade e ela me dá em troca, segurança, prazer, satisfação e condições diferenciadas de vida. Nesse momento, histórico-cultural-moderno-judaico-cristão-ocidental, não posso oferecer os termos supracitados, porquê eles são essencialmente únicos do ser humano, uma célula “não poderia jamais tê-los / amém”.

Mas se ao mesmo tempo, criamos um organismo social que nos é imagem e semelhança, nesse momento poderia dar um nome a esse organismo, o que vocês (ou melhor você, João) acha de Deus ou Alá? Então, esse organismo social que nos é semelhante, se lembrarmos que nós também não somos maiores nem temos descrições sobre o homem superiores a “organismo”, temos obviamente que considerar que nossa construção, NÓS enquanto produto final deverá também ser produto direto e semelhante daquilo que nos compõe.

E quando lembramos das características que supostamente aproximaria o homem das células, já citados, vemos que eu falo a verdade, assumindo por um segundo que ela é capaz de ser alcançada, e o faço porque enquanto Deus (preferi a palavra agora) devo satisfação aos meus bilhares de devotos, porquê mesmo trabalhando arduamente, sei que todos aqueles glóbulos, independente de raça ou cor, vêm em MIM, o ser maior, capaz de fazer qualquer coisa, porquê EU sou o dom da vida e é para mim que todos esses microorganismos se sacrificam diariamente. E é justamente essa característica de TODO que me permite chamar meus caros fiéis de micro, menores, incapazes de reconhecer e perceber plenamente a própria existência.

Definitivamente, não somos diferentes, em NADA, das pobres células. E nesse mundo de cá, quem são os cânceres e os vírus? Ou melhor, quem são os cérebros e corações?

Quanto aos intestinos, acho que posso pensar em alguns nomes.

Obs. Apesar de fugir totalmente do tema, postei a foto que eu tinha separado para a ocasião. Ela se explica por si só.

4 comentários:

Anônimo disse...

qual é o seu trackback para poder colocar a notícia no http://www.linkk.com.br?

Thiago Locutor disse...

o serviço blogger-blogspot nao suporta trackback. mas suporta backlinks.
o q é linkk.com e como poss entrar em contato com vc

Anônimo disse...

meu deus..to ficando com medo de vc...

Unknown disse...

Gostei das analogias...Lembra de alguma forma aquela história do estado jardineiro (ou não lembra, e isso me veio á mente sem uma boa razão...) e a cena final de Homens de Preto, quando mostra que o nosso planeta é uma bolinha de gude para alienígenas gigantes, afinal, a analogia pode ir crescendo, com cada sociedade como uma célula de uma suposta "humanidade", a humanidade como uma célula do planeta, e o planeta como uma célula do sistema solar...And so it goes...