quarta-feira, setembro 10, 2008

O mercado de mídias tem muito que aprender com as putas

Primeiramente, gostaria de buscar o conceito romântico de Gabriel Garcia Marques para o termo puta. Elas não deixam de ser putas e continuam fazendo amor por dinheiro, mas na construção de Gabriel o termo fica mais ameno.

Eu estive em alguns locais que possibilitam o encontro dessas profissionais. Nessas “feiras do sexo” elas podem trocar idéias, desenvolver novas estratégias e, claro, conhecer clientes. Eu não estava ali como consumidor, mas admito que o ambiente era acolhedor. Mas imerso nesse mundo, pude observar como elas se relacionam com os clientes e aí pude ver o quanto o mercado de mídias pode aprender com elas.

Cauda longa já é um conceito bem definido no mundo empresarial das mídias. Seu estudo permitiu entender o consumido de conteúdo em nichos, que começou na internet e caminha, a passos largos, para o mercado tradicional. Apesar do poder significativo do termo, a cauda longa ainda não é um modelo de negócio sustentável. Nesse mundo de segmentação, ainda não identificamos o modelo adequado para fazer dinheiro com a tão adorada individualidade. Os grandes negócios ainda estão baseados no mercado de massa, com exceção de algumas virtuosas experiências com venda de música na internet.

Mas voltando as putas. Elas já entenderam bem esse negócio de nichos e como a experiência individual é importante nesse mercado. Enquanto pude observar, vi putas com grandes peitos, outras com roupas de couro. Vi putas com caras de meninas no auge de seus 18 anos, enquanto outras mostravam orgulhosas suas curvas construídas em quarenta ou mais anos. Algumas delas desfilavam caracterizadas, numa versão simplificada do popular cosplay japonês.

Pra cada uma das performances, havia consumidores ávidos por provar as aventuras que lhe prometiam aqueles sempre delicados corpos femininos. Elas, imersas num ambiente de possível competição, estavam à vontade, seguras de que o que vale em seu negócio são os gostos tão bem determinados.

Nenhuma das putas queria alcançar todos os homens, mesmo porque é no tempo que elas despendem com cada um que reside o segredo de seu negócio. Seus atributos, tão bem caracterizados, davam vantagens na busca da atenção de seus consumidores. Cada uma delas estava ali para um grupo de homens e cada um desses grupos buscava sua puta. Investindo nos clientes, elas potencializavam os ganhos, oferecendo serviços extras por módicas alterações de preços. O atendimento Premium rendia frutos e a taxa de rejeição era quase nula. Daí vem o ensinamento.

Cada puta tinha claro que tipo de homem buscava. Essa clarividência levou a investimentos, traduzidos em implantes, tatuagens e adereços. Cada puta teve de pesquisar bem o mercado, identificar suas fraquezas e fortalecer aquilo que tinha de melhor. Uma vez que o investimento e o processo de organização do negócio era feito, as novas estratégias de mercado se baseavam nesse novo modelo. Diferente do que alguns podem pensar, essa mudança é realmente grande e definiu a vida dessas meninas.


As empresas de mídia sabem disso. As empresas de mídia estão assistindo ao mercado, aos novos usuários. Elas têm em mãos os números de audiência e circulação, lêem a opinião de seus consumidores e dizem acompanhar o novo mundo. Mas apesar do belo discurso, falta coragem. Falta determinação. Falta culhões!

Um comentário:

Unknown disse...

Bom te ver de volta com mais freqüência, Thiago! E isso que você falou das putas faz todo o sentido do mundo. Elas trabalham conceitos "avançados" de marketing desde muuuito tempo atrás...E eu andei pensando em um projeto de livro sobre marketing emocional, que trabalharia com alguns conceitos parecidos com esses que você lançou...Depois converso sobre isso com mais tempo e te conto melhor.