segunda-feira, maio 21, 2007

Sobre o feminismo


Sempre quis escrever um texto sobre o feminismo e o papel da mulher na sociedade. Em duas oportunidades as palavras chegaram à ponta da língua, mas desisti. A primeira delas foi quando eu li um texto fantástico no “Mulher contrariada” da minha grande amiga Angélica e a segunda, quando me disseram que eu era um pouco machista. Pois bem, hora de esclarecer o que eu penso sobre o assunto.

Antes de mais nada, a inspiração e as citações para esse post foram coletadas no “no mínimo ׀ Contemporânea”, escrito por Carla Rodrigues (pode ser acessado aqui: http://contemporanea.nominimo.com.br/).

Em visita ao Brasil, o papa Bento XVI declarou ao povo brasileiro “as mães que querem dedicar-se plenamente à educação de seus filhos e ao serviço da família têm de gozar das condições necessárias para poder fazer, com o direito de contar com o apoio do Estado. O papel das mães é fundamental para o futuro da sociedade.”

Em uma boa estratégia semântica, o líder da igreja católica deixou claro “as mães que querem”. Esse é o ponto fundamental de onde nasce a dualidade incoerente do pensamento feminista.

A revolução feminina da segunda metade do século passado levantou a pertinente bandeira da igualdade entre os sexos. A equidade entre homens e mulheres deveria ser alcançada em todos os níveis da sociedade, estendendo-se da vida doméstica ao mercado de trabalho. Mas a posição masculina na vida pública foi desproporcionalmente focada nesse processo. Era legítimo que as mulheres pudessem ter o mesmo status social que os homens na vida social, mas isso não implica que esse status é superior ao feminino. A posição no mercado, salários, foram sobrepostos as funções domésticas e maternas, pressionando que as mulheres “alcançassem” sua posição lado-a-lado aos homens. Essa foi a grande falha.

O raciocínio deveria ter sido, desde o principio, em estruturar um mercado que permitissem as mulheres ter condições de trabalho iguais as masculinas, bem como valorizando, na mesma proporção, aquelas que escolhessem a vida doméstica. Pensamento este, que deve ser aplicado, na mesma instância, para os homens.

Sustentar uma casa, nos termos contemporâneos, é importante. Mas garantir a boa educação dos filhos, principalmente numa época de distúrbios éticos e morais, é igualmente necessário para se construir o país.

Nota da ilustração: Impossível não lembrar do paralelo com a obra "A liberdade guia o povo" (tradução livre).

2 comentários:

Angélica disse...

Disseste muito bem: ninguém deve obrigar a mulher à frustração, em casa ou fora dela.
Tanto as que optam por este ou por aquele caminho merecem respeito, apoio, compreensão e admiração dos que a cercam.
Não tenho um pingo de vocação pra trabalhos domésticos, mas sonho em formar uma família. E, se minha mãe conseguiu (com sacrifícios - dela e nossos - , mas valeu a pena porque isso a faria feliz), eu consigo também.
Bom, se eu entendi direito e for por aí, não te considero machista, não...
Beijo!

Unknown disse...

Thiago, tem uma tese do meu tio de que boa parte do desemprego do mundo é culpa das mulheres, porque elas levaram para o mercado uma força de trabalho desproporcional à capacidade de absorção do sistema de produção. Segundo ele, se para cada mulher que entrou no mercado de trabalho um homem tivesse ido tomar conta da casa, tudo estaria bem. Mas meu tio é machista pra cacete, então ele pode dizer qualquer coisa que ninguém mais liga...