quarta-feira, maio 09, 2007

“De todos suas habilidades, para todos suas necessidades”.


“De todos suas habilidades, para todos suas necessidades”.

Além da retórica, a estrutura comunista é linda, apaixonante. Através dela, uma sociedade igualitária é possível. Mas a tentativa de aplicá-la foi um desastre. Um engano semântico significou morte, dor, sofrimento, nas proporções já tão acostumadas pelos seres bíblicos.

Uma sociedade igualitária não quer dizer uma sociedade de iguais. O erro soviético foi pensar o homem a imagem de seu próximo. Mas apesar de semelhantes, não queremos ser iguais.

Nem todos são operários, nem todos são Estado.

Outras formas de dominação foram tão bem sucedidas porque manteram isso claro. Livre arbítrio, democracia, a verdade pluralista do liberalismo. Manter a idéia da escolha é essencial.

Permitindo que possamos fazer nossas próprias vidas, a escolha pode ser condicionada ao certo e ao errado, mas ainda assim há uma escolha. Nossas decisões podem significar que não haja mudanças, nossa vontade pode simplesmente corroborar a sucessão infindável de fatos que mantêm a estrutura intacta. Mas enquanto houver a possibilidade, a liberdade de escolha, estaremos de “comum” acordo.

Livres somos felizes. Marx sabia disso. Mas talvez tenha faltado uma nota explicativa de sua “sociedade igualitária”.

Por tudo isso, tenho como um dos meus filmes favoritos “A Vila”. O filme não é nada sobre vila e monstros. Mas sobre homens e monstros. É sobre controle em suas fundações. Sobre medo, sobre monstros, sobres cores e sons. A Vila é o retrato de uma sociedade que esconde sua natureza animal trancafiando-se em regras e sonhos.

A Vila nos joga na cara que algumas verdades são exclusivas para os cegos. E que tudo parece lindo e emocionante ao som de uma boa música. Deixem os violinos contar a história.

Um comentário:

Unknown disse...

Boa também Thiago...A Vila é uma boa metáfora sobre controle e liberdade...Sobre perceber que "monstros" não são apenas criaturas fantásticas e sim também opções ou a falta de opções...