segunda-feira, junho 19, 2006

Atrasei, desculpa

Por isso que dizem que não devemos conversar com médicos quando sabemos que não temos nenhum problema.

Como eu cheguei a essa conclusão, simples!

Feriado prolongado, estive na minha cidade natal para rever a família, conversar com os amigos, essas coisas de pessoas normais (afinal, era como me julgava até então).

Ao executar minha rotina de visita aos mais próximos, encontrei uma boa amiga que inconvenientemente está bem avançada no curso de psicologia.

Conversa, lembrança, risadas, novas experiências e claro, uma curta troca de idéias sobre aquilo que temos aprendido em nossos respectivos cursos de graduação.

A infeliz já veio com uns papos de patologias psíquicas, o burro aqui deu papo. Uma pincelada sobre os diferentes autores do assunto e caímos nas bizarrices de psique humana.

Minutos mais tarde, estava deitado no sofá maior enquanto ela ao meu lado posava como doutora na confortável poltrona com veludo.

Ela, simples e direta, se limitava aos “explique-se melhor”, “mas como você se sentiu”, “como se julgou naquele momento” e tantas outras perguntas que nos exigem respostas bem elaboradas. Para tais simples interrogações Eu, complexo e cheio de rodeios, respondia em longas explanações sobre minha vida pessoal e social.

Numa dessas, deixei pano pra manga que me custou admitir pequenos segredos.

Tenho amor e ódio por água fria.

É boa, faz bem e tal, mas é ruim. Muito ruim. Mas como negar-me algo que faz bem só por ser ruim. Como sacrificar o futuro recompensador pela fuga do sofrimento presente. Todas essas questões essenciais se fazem um turbilhão de idéias no momento da água fria. Já no chuveiro, enquanto discuto comigo mesmo seja lá quem eu for: Vou sair. Não posso. Ta gelada. Mas faz bem. Vira homem e firma. Mas essa bosta ta gelada.

Os braços se contorcem, as pernas bambeiam, os olhos se fecham, o pescoço mal se agüenta, enquanto as vozes discutem. E enquanto não conseguem se convencer, o corpo se espreme de frio e prazer. De cada segundo sofrido tem-se um segundo de satisfação, amor próprio, confiança. O prazer carnal esboçado sem o contato físico, sem ilusões. O sofrimento recompensado.

A conclusão, sou um masoquista.

Claro que apesar da forte afirmação, ela o fez sem pensar em bizarrices sexuais, nem sangue ou metal.

O prazer pelo sofrimento, simples assim.

Uma doença ou loucura, limitado assim.

2 comentários:

Unknown disse...

Você é masoquista? Mas sem sexo, sangue e metal? Bem, cadê a graça então?

Anônimo disse...

é.. quem procura acha! só uma palavra pra isso: bizarro! ;)