terça-feira, abril 04, 2006

Caimos na prisão perfeita


Vamos começar devagar...
Todo o mundo onde você vive, não é mais que uma prisão. (Talvez eu não tenha ido tão devagar assim...)

Assumo um conceito de construção social baseada unicamente na vivência, quer dizer, nascemos como "pedras rasas", uma folha de papel em branco onde as manifestações culturais particulares da existência única, temporalmente e geograficamente, construirão o indivíduo.


Respeito, educação, inteligência, amor romântico, o que são?

Palavras.


Palavras que geram uma ponte conceitual entre vivência e bagagem cultural. Todos esses conceitos não são naturais, biologicamente, aos homens. Nesse sentido, formam uma cadeia de vivência a qual somos não somente expostos, mas obrigados a viver.


Quando nascemos, somos bombardeados com noções de dever e poder. Bom e ruim. Bonito e feio. Certo e errado. Todas essas construções são específicas do momento no qual nos inserimos. Quando disseminadas sistematicamente entre todos os cidadãos de determinado grupo humano e quando esses padrões especificam as formas e jeitos de como a vida deve ser seguida, tem-se o estabelecimento de uma ordem, superior a vontades.

É a prisão perfeita, onde somos todos cárceres e carcereiros.

Ser carcereiro não é somente vigiar e zelar pelo comportamento alheio, mas também pelo nosso próprio. Sabemos o que, quando e como cada aspecto de nossa vida deve ser ativado. Uma vontade superior à biológica que conduz nossos narizes pelos caminhos socialmente aceitos e comumente necessários.
O contrato social expandiu-se limita-se ainda a controlar as circunstâncias entre as pessoas. Mas o entendimento sobre esse momento, expandiu-se e abriga toda a composição de vida de cada ser humano.

A ordem social é tal importante para o homem, que me assusto em pensar na possibilidade de caminhar-mos para uma nova sociedade colonial, entendendo o termo como o empregado para manifestações comuns na vida de formigas ou abelhas. O valor individual cai proporcionalmente ao aumento da importância macrosocial.


Ampliando ainda esse pensamento, acredito não haver mais líderes ou melhor, controladores. O sistema já alcançou tamanha auto-suficiência, que não há mais espaço para seres humanos se não na categoria de controlados. As divisões classistas de detentores dos meios de produção e assalariados, ou o mais simples, ricos e pobres, cabe à camada inferior da nova articulação.


Criamos um arcabouço superior e além das decisões individuais. Uma grande prisão para e mantida pelos pobres humanos.
E o caminhar da humanidade, não é mais animados que o rato que corre em sua roda de exercícios.

Um comentário:

Unknown disse...

Que dizer? É isso...Mais ou menos (eu tomei muuita liberdade nessa analogia) como o medo dos cientistas em relação à nanotecnologia (depois ela pode se replicar e destruir tudo) ou como o computador que comandava a nave espacial em "2001" (HAL = h/i, a/b, l/m - IBM). "Nós" criamos um sistema tão bom que é á prova de nós mesmo.Parabéns "pra gente"...