sexta-feira, março 31, 2006

Cotas?

“Não me acusem de ladrão. Mas podem sim me chamar de populista”.

Essa poderia muito bem, ser uma frase do presidente Lula, obviamente se acrescentássemos nela alguns erros ortográficos e gramaticais. Afinal, com a mesma ânsia que se protege das acusações de roubo e desvio de verbas, parece esfregar-nos nas fuças o quanto esse ano é importante. Mais importante pra ele claro, ano de decisão, para o resto de nós, pobres eleitores incapazes de mudar o mundo, temos somente a Copa do Mundo.

No fim de 2005, assisti, esperançoso, as promessas do presidente que este seria um ano histórico para o Brasil. Naquele momento, acredita que os frutos, aos quais se referia o presidente, seriam a demonstração prática e social do trabalho econômico desenvolvido em três anos de governo. Achei, juro que achei, que ele tinha deixado o melhor para o final. Obviamente, sabia que essa manobra era eleitoreira, não me chamem de bobo, pelo menos não ainda.

Um janeiro de expectativas, para o carnaval. Um fevereiro de festas, o carnaval. O presidente ainda prometendo, um carnaval.

Descubro, agora, portanto, não tarde de mais, que as promessas eram verdades. Mas admito, resignado, que errei. Errei ao acreditar que veríamos nesse abençoado ano, o tal bendito fruto do trabalho presidencial. Errei ao acreditar que o governo se vangloriaria-se pelo crescimento da nação. Errei por achar que dessa vez seria diferente. E errei mil vezes por acreditar no Lula.

As mudanças, berradas e babujadas, eram, na verdade, simplesmente, medidas populistas como tantas outras que ouvimos e já nos esquecemos. A confirmação final veio ontem a noite. Em caráter de emergência, será votada em câmara, a proposta de lei que cria vagas especiais para negros, estudantes de escola pública e descendentes indígenas. O apressado relator estabeleceu que as cotas podem alcançar 50% das cadeiras na universidade pública em 5 anos.

Vamos conversar sobre isso devagar.

Não que o tópico seja ser ou não contra o projeto, não é isso; apesar de falando-se de mim, sou contra. Mas o importante é fazer de uma importante decisão, merecedora de um debate nacional, uma medida de urgência. Para que? Para oferecer ao povo, ignorantado; digo-o no sentido de lembrarmos que o povo assim fora feito, Muitos anos sem educação adequada para esperarmos diferente; mais uma oportunidade, um pagamento histórico; pelo menos é que prevejo eu, se essa clarividência me seria por um segundo concedida por Deus. E esse discurso tolo, já tanto repetido quanto assimilado, tanto amado quanto desprezado, é somente o que um presidente igualmente ignorante tem.

Falaremos outra hora da lei. Quando essa for, e será, aprovada.

Por agora, só uma certeza. Em 2006, sou tucano.

Agora sim, podem me chamar de bobo.

Um comentário:

Unknown disse...

Buenas Thiago...Bem, sou forçado a concordar...Sou 150% contra o sistema de cotas (uma coisa que meu pai me disse uma vez "25 % de vagas para negros é sinônimo de 75% de vagas para brancos") e acho que em 2006 eu vou ter que ser nulo...Ou torcer pela ressurreição do Brizola, o que for mais fácil...